«Rodopio» – Volteiam dentro de mim as coisas mais heterogéneas:
Volteiam dentro de mim Num rodopio, em novelos, Milagres, uivos, castelos, Forças de luz, pesadelos, Altas torres de marfim...
Descrever a angústia de apanhar tudo quanto possa; o que é impossível. Cansaço, mãos feridas. (A seguir a este n.º, grifando-se nele, virá a «Vontade de dormir».)
«Como eu não possuo» – O que eu desejo, nunca o posso obter nem possuir, porque só o possuiria sendo-o. Não é a boca daquela rapariga que eu quisera beijar, o que me satisfaria era sentir-me, ser-me aquela boca, ser-me toda a gentileza do seu corpo agreste (gosto muito deste n.º).
«A Queda» – A descrição duma queda fantástica, aonde enfim jazo esmagado sobre mim próprio.
Estas poesias serão todas curtas, um pouco mais longa talvez «Aquele que estiolou o Génio», que no entanto eu ainda posso renunciar a incluir nesta série. É uma questão do momento em que o principiar a compor.
Parece-me que afinal publicarei a série, numerada, mas com títulos. Ela abrirá por um pedaço não numerado «Partida» que é a segunda parte do «Simplesmente», e que será como que um prefácio, uma «razão» do que se segue. O soneto que lhe enviei terá o título de «Escavação», e a «Dispersão» passará a chamar-se «Sono». Diga-me você o que pensa sobre tudo isto e se entende preferível só numerar as poesias. E por amor de Deus, diga-me rudemente o que pensa de cada uma delas destacando as melhores. Suplico-lhe à sua amizade! E o mais brevemente possível!!
O conjunto de Dispersão ficará talvez um pouco monótono. Mas essa monotonidade dar-lhe-á um sabor especial. E é preciso atender a que o folheto se lerá em menos de meia hora.
Os metros que emprego são de talhe clássico. Não é que eu os prefira. Simplesmente as poesias têm-me saído assim – talvez porque a toada certa facilita o trabalho.