Virtual Archive of the Orpheu Generation

Mário de Sá-Carneiro

The Virtual Archive of Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), modernist poet, includes his correspondence, notebooks, manuscripts and published work during his lifetime. Most of these documents were gathered by François Castex, French intellectual, and are kept at the National Library of Portugal. Also included here are letters sent by the author to his great friend Fernando Pessoa.

The full documents can be found in the 'PDF' box and the manuscripts have been transcribed in the 'Edition' box. 

 

 

Medium
Mário de Sá-Carneiro
Esp.115/4_34
Esp.115/4_34
Sá-Carneiro, Mário de
Identificação
Carta a Fernando Pessoa
Carta a Fernando Pessoa

Carta a Fernando Pessoa, enviada de Paris, a 3 de Maio de 1913.

 

*** 

São 9 e meia da noite.

Acabo de fazer isto num café. Diga o que vem a ser isto:

 

Numa ânsia de ter alguma cousa,

Divago por mim mesmo a procurar.

Desço-me todo em vão, sem nada achar,

E a minha’alma perdida não repousa.

 

Nada tendo, decido-me a criar:

Brando a espada, sou luz harmoniosa

E chama genial que tudo ousa
À força unicamente de sonhar.

 

Mas a vitória fulva esvai-se logo,
E cinzas... cinzas só, em vez de fogo...

Onde existo, que não existo em mim?...

...................................................

Um cemitério falso sem ossadas,
Noites de amor sem bocas esmagadas -

Tudo outro espasmo que princípio e fim...

 

3 maio 1913 – Paris
Pelo mesmo correio vai uma carta.

 

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/5273
Classificação
Espólio Documental
Correspondência
Dados Físicos
Tinta preta sobre 1 folhas lisa.
Dados de produção
1913 Maio 3
Inscrita.
Fernando Pessoa
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Bom
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Paris
Documentação Associada
Sá-Carneiro, Mário de, Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, ed. Manuela Parreira da Silva, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001.
Esp.115/4
Na transcrição das cartas: a ortografia foi actualizada e as gralhas evidentes corrigidas, mantendo, contudo, as elisões com apóstrofo e todas as singularidades da pontuação usada por Mário de Sá-Carneiro, bem como a forma original das datas, muitas vezes com o nome dos meses em letra minúscula ou abreviado. O título da revista Orpheu foi mantido na forma sempre usada por Sá-Carneiro – Orfeu. Foram mantidas, igualmente, as versões de versos e de outros trechos literários mais tarde corrigidos ou refundidos pelo poeta.