Linda espiral de carne agreste, a mais formosa enchia para mim os olhos de mistério sabendo que eu amava as ondas de estranheza.
E os seus braços, de nervosos, eram corças...
E os seus lábios, de rubros, eram dor... ........................................................................... No jardim os girassóis não olhavam para o sol... ........................................................................... Verguei-me todo para ela...
A hora esmaeceu...
O ar tornou-se mais irreal...
Houve um cortejo de estrelas... ........................................................................... Em face daquela glória que me sorria tão perto, que me ia sagrar enfim – os meus olhos eram chama e a minh’alma um disco d’ouro...
Até aqui isto é na sua essência o começo dum todo. Agora é que escreverei apenas frases soltas. Mas primeiro deixe-me dizer-lhe o meu plano: A beleza vai-se agora desfazer da forma que verá. Morta a beleza, sobrevém o abatimento. Mas o poeta quer-se ainda enganar:
«A tristeza das coisas que não foram, descera-me na alma. Eu era agora uma esfinge sem mistério – e os raios dourados do meu olhar, apenas reflexos de ouro falso.»
Mas juntando toda a sua sede de beleza e de ideal consegue ainda ascender num espasmo de azul.
Mas de novo a desilusão. E é aqui que se dará a queda, através do espaço que será a «viagem» a que eu me referia na minha última carta.
No final de cada capítulo, de cada «cristalização» haverá sempre frases como estas:
«E ao longe sempre as casas brancas.»
«As casas brancas não perdoam.»
Com esta imagem quero eu significar a impossibilidade da evasão completa no «Além» porque ao longe se vê sempre a fita monótona e bem real e bem sólida da casaria branca – seja o ar misterioso, carregado de cor e de irrealidade, seja a beleza morta, seja a beleza resplandecente.
Isto vai emaranhadíssimo. Mas você compreende: Eu vou desenrolando ideias que no meu cérebro ainda estão emaranhadas e por isso não poderia ser lúcido. Faça no entanto um esforço por perceber neste caos.