Identificação
[BNP/E3, 144 – 14]
Re Christ’s theories: {…}
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Re Vulgarizadores: {…}
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Manuel de Sousa Pinto: “Gomil dos Noivados”
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Não é tão absurda como parece a discussão do concílio de {…}, sobre se a mulher tem alma. Com efeito, em relação ao homem, o espírito feminino é mutilado e inferior. É de espécie inferior, mesmo.
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Pegue-se num corno, chame-se-lhe prosa, e ter-se-á o estilo do Sr. Manuel de Sousa Pinto.
E, contudo, é um homem inteligente este crítico dalguma arte. Não é, é certo, um homem de talento, por mais que no caso o sr. João de Barros tenha um sim de ida-e-volta. Apesar disto, é, repito, um homem inteligente. |Pertence porém a uma espécie de homens inteligentes que {…}
São almas minuciosas na arte, ourives. São milimétricos na crítica; quem trouxer para {…} um metro de novidade, fica-lhes 999 milímetros além da compreensão. Vivem nos arrabaldes da crítica,
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um pouco provincianos das letras. Tudo o que é rápido, profundo, {…} em arte é-lhes multidões e ruído. Têm vindo à análise como a um automóvel, e a lógica, apesar de regular, é para eles |estranhamente| como a regularidade perigosa dos carros eléctricos.
|São gente que escreve para jornais do Brasil.|
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Têm uma mentalidade de redactor de menu: tudo para eles se revela em à la. Nunca chama enérgico a um poeta sem {…} à la Verhaeren, nem {…}. Ninguém pode hoje escrever sonetos tristes e profundos que eles não chamem anterianos a esses sonetos.
Não têm opinião própria. Declaram-se indivíduos da Oração à Luz, mas não aguentam a Vida Etérea. |Verlaine para eles é um génio e Pascoaes um doido.|
Às vezes têm independência, nunca opinião própria. A opinião própria, na crítica, exige um estabelecimento a próprios raciocínios: e eles o mais que têm e já lhes é muito, é impressões. Há três erros em que às vezes a vontade e o seu imperfeito senso crítico os leva a caluniar – o de terem opinião própria, o de criticar assuntos em que não têm competência, e o de começar a escrever, talvez, a produzir arte.