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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-3 – 23-23a
Imagem
grafema
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
grafema
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 143 – 23-23a]

 

|grafema|

 

Não tem importância? Sei lá se não tem… Pois não sabemos o valor e o sentido a nada {…}

 

O seu último pensamento foi para o grafema da vizinha… o seu último olhar tocou no cair suave de chuva, uma chuva ténue e silenciosa que disse ser muda ser fraca caindo em certos lugares, onde havia campos, onde crianças que não eram entrevadas podiam, passada a chuva, ir[1] a brincar {…}

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De modo que se eu ainda tivesse[2] títulos, podia ser hoje distinto general, ou morto mesmo, talvez… Olhe que isto é verdade ainda que o faça saudoso não reparar que o mundo é assim, que é farto de coisas destas?… Seja como for, esta é a história da minha vida…

 

[23ar][3]

 

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_______

 

Esta enorme blague[4] – o universo; essa |coisa impossível|[5] – a vida.

 

À mesa de que café no Além passam os[6] amigos o centro do universo lendo o[7] seu confuso e obscuro poema? Pergunto se me importa sabê-lo? Às vezes penso nestes e assim… Basta-me nas paredes do quarto à luz das velas da minha alma, a sombra grotesca do mistério. É a minha própria sombra afinal, mas eu desconheço-a.

 

[23av]

 

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____

Aí está um fulano, disse-mo ††, amputado, que podia ganhar a vida a guardar as mulheres do sultão…

– O quê… é amputado?

– Castrado…

– Castrado?!… Mas castrado realmente?… Qualquer doença que tem precisa uma operação…

– Isso… Pelo menos assim que assim foi… O † soltou-o, que fala a alegria… Como era natural continuou olhando, para o outro lado da rua, para o indivíduo que ele me apontava… Era um pedinte esfarrapado e sujo… Longos cabelos grisalhos, mas não sei porquê, não grosseiros… Um chapéu velho e descaindo enterrava-se-lhe pela cabeça e caía… Era magro e alto… Trincava tranquilamente, comendo devagar, coisa de que nem à distância se via roer[8] duro. Fiquei observando o tipo… Pois quando, disse depois, ele se aproximava pedindo esmola, † braços de †††.

 

 

[1] ir /tornar a ir\

[2] ainda tivesse /não tivesse perdido\

[3] 29-10-1913

The dead eyes of the dead reflect something of that immutable/utability\ beyond.

_______

Shrink not from looking at her eyes… The acting of the look hath passed and let her look {…}

[4] enorme blague /blague transcendente\

[5] |coisa impossível| /grande /diversa\ mistificação\

[6] os /que\

[7] o /esse\

[8] roer /que era\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4404

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
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