Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-2 – 96
Imagem
[Sobre Antero, Cesário e Junqueiro]
PDF
Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[Sobre Antero, Cesário e Junqueiro]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 142 – 96]

 

As Quental taught the Portuguese to think deeply and to feel as moderns; as Junqueiro taught them to compose as lyrists and as moderns; so Cesário Verde taught them to see.

Throughout all Portuguese literature the visual element is very deficient. This accounts somewhat for the absent constant indefiniteness, non-objectivity of Portuguese poets.

Verde is one of the great visualists of all times. He is not as great a poet as Quental and Junqueiro. He is probably not a “great” poet at all, in a decent and critically careful sense of the word. But a great visualist he indisputably is.  No poet has had more perfect eyes, or has translated his clear vision {…}

 

It is a curious phenomenon to see this objectivist sharp way poet into Portuguese Literature. He is as absurd in the real sequence of Poets as Verlaine in his country, and for the opposite reason. The vague à l’âme has never been characteristically French.

But Verde is man of a word.

Before him, one or two poems of the shape had and captured Guilherme Braga curiously forestall the note he shall be typical in striking. Baudelaire upheld him, but he is great when free of Baudelaire.   

Think of one 1870 Portugal, in full seeing of the fifth-rate sub-romantics, dreaming, honeyish, vacuous, slobbery and unsupportable.

It was also, by some strange and appropriate using, the first Portuguese to use a monocle.

 

[96v]

 

Youth, fault or virtue, cannot be ascribed, in a “defining” sense to the pessimistic poets of either Henrique Rosa or Manuel Laranjeira.

 

The space apportioned to each author is not meant to correspond to his position in Portuguese Literature, or, to be more correct, to any opinion of his position. I have dwelt at greater length on the point which, as I for the more content, I conceive to be more potent for an |English| reader. My opinion of the value of the poems studied, and of their importance in Portuguese literature, is indicated in the course of my criticism of them[1]. If I make this observation, it is to avoid any initial misconception on the past of realism or past of modern Portuguese literature, {…}. I have found it more interesting, for instance, to swell not great light on the Sensationists than on the Decadent, because the Sensationists are more of a novelty to † † than the Portuguese disciples, analogue and mental † of Verlaine and of the symbolists.

 

 

[BNP/E3, 142 – 96]

 

Tal como Quental ensinou os portugueses a pensar profundamente e a sentir-se modernos; tal como Junqueiro os ensinou a compor como liristas e como modernos; assim também Cesário Verde os ensinou a ver.

Em toda a literatura portuguesa, o elemento visual é muito deficiente. Isso explica, de certa forma, a ausência constante de indefinição, a não-objectividade dos poetas portugueses.

Verde é um dos grandes visualistas de todos os tempos. Não é um poeta tão grande quanto Quental e Junqueiro. Ele provavelmente não é, de todo, um “grande” poeta, num sentido decente e criticamente cuidadoso da palavra. Mas ele é indiscutivelmente um grande visualista. Nenhum poeta teve olhos mais perfeitos, ou traduziu a sua visão clara {…}

 

É um fenómeno curioso ver este poeta penetrantemente objectivista na literatura portuguesa. Ele é tão absurdo na sequência real dos Poetas quanto Verlaine no seu país, e pelo motivo oposto.

O vague à l’âme nunca foi caracteristicamente francês.

Mas Verde é um homem de palavra.

Antes dele, um ou dois poemas do género tiveram e captaram, Guilherme Braga curiosamente antecipou, a nota que será nele típica. Baudelaire encorajou-o, mas ele é grande quando livre de Baudelaire.

Pense-se num Portugal de 1870, em plena visão dos sub-românticos de quinta categoria, sonhadores, melosos, vazios, babosos e insuportáveis.

Foi também, por um uso estranho e apropriado, o primeiro português a usar um monóculo.

 

[96v]

 

Juventude, culpa ou virtude, não podem ser atribuídas, num sentido “definidor”, aos poetas pessimistas como Henrique Rosa ou Manuel Laranjeira.

 

O espaço atribuído a cada autor não pretende corresponder à sua posição na Literatura Portuguesa, ou, para ser mais correcto, a qualquer opinião sobre a sua posição. Detive-me mais longamente no ponto que, quanto mais contente, considero ser mais potente para um leitor |inglês|. A minha opinião sobre o valor dos poemas estudados, e da sua importância na literatura portuguesa, é indicada no decorrer da minha crítica a eles. Se faço esta observação, é para evitar qualquer equívoco inicial sobre o passado de realismo ou passado da literatura portuguesa moderna, {…}. Achei mais interessante, por exemplo, não lançar mais luz sobre os Sensacionistas do que sobre os Decadentes, porque os Sensacionistas são mais uma novidade para † † do que os discípulos portugueses, análogos e † mentais de Verlaine e dos simbolistas.

 

 

 

[1] criticism of them /references to each\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4337

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas