Identificação
[BNP/E3, 142 – 94]
Este livro é a coisa intelectualmente mais abjecta que tem até hoje produzido uma criatura incapaz de o fazer. Conhecemos António Ferro há muito tempo, e antigamente ele dava promessa de qualidades, pelo processo mais seguro de se dar promessa de uma coisa – tê-la já. Desde então, à parte a salvação de algumas quebras, tem sido um caminhar rápido para A Amadora de Fenómenos.
Este livro é o máximo do mínimo. Não evoca o Orpheu: invoca Morfeu.
Não sabemos, afinal, se devemos escrever ou não esta crítica já escrita. Se o António Ferro verdadeiro é este, não há crítica que fazer, pois para isto é que se fez[1] o silêncio. Mas se o António Ferro verdadeiro é {…}, então é um dever de amigo o apontar-lhe que o nº 1 do art. {…} do Decreto de 11 de Maio de 1911 permite um indivíduo requerer o seu próprio internamento em manicómio, e, como a imbecilidade é uma espécie nosográfica, e se pode ser internado por imbecil {…}. Não sabemos qual das coisas é certa. Na dúvida, aí ficam a crítica e a dúvida.
[1] fez /inventou\