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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-2 – 86
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[Sobre Eugénio de Castro]
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[Sobre Eugénio de Castro]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 142 – 86]

 

 

Acabámos de nos dogberrysar[1] na contemplação de uma deslocação para português de algumas poesias de Goethe |perpetrada a sangue frio| pelo sr. Eugénio de Castro. A associação de ideias que o nosso cérebro medita[2] inevitabilíssimo trouxe-nos no limiar da memória aquele emprego do verbo traduzir que no Midsummer Night’s Dream que o sr. E. de Castro sem dúvida cumpre, no que não deve traduzir por causa da nossa aliança com a Inglaterra. Ao ver Bottom, seguramente que parece o sr. Eugénio de Castro ao vir literariamente da Alemanha, diz-lhe {…}, {…} |perigo que lembra o sr. Eugénio de Castro ao ir para lá|: Bottom, how thou art translated! “Bottom como estás traduzido” – apressamo-nos a tornar portuguesa a frase antes que o sr. Eugénio de Castro o precise fazer. Bottom não lembra Goethe, em si (isso este não é com o senhor Eugénio de Castro); mas a situação de Bottom lembra a de Goethe no caso poético presente. É que a tradução que Bottom sofre foi a da imposição, por fadas, que tão más há lá como vi, de uma cabeça de burro. Foi por isto pouco mais ou menos que passou Goethe ao ir até português.

_______

 Esta nota não tem por fim ofender o sr. Eugénio de Castro. Tem-no apenas por meio. Para desprezar es-

 

[86v][3]

 

quivamos, pois não conhecemos o sr. Eugénio de Castro, têm estas observações por fim pedir ao excelente poeta que não traduza mais. Vale mais ser hermafrodita[4] encantá-lo em belos versos; {…}

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Ce Verges n’est pas ce que le lecteur pense. C’est un personnage, tout à fait inoffensif, du Midsummer Night’s Dream.

 

 

[1] “dogberrysar” é um neologismo criado por Fernando Pessoa com referência à personagem Dogberry da peça Much Ado About Nothing.

[2] o nosso cérebro medita /a emoção do nosso cérebro\

[3] {…} piscou o olho a Verges {…}

 

Um alemão /Uma alemão\ alto, |como submetido a gramatica à {…}, disse uma vez um inglês masculino, que sabia gramática.

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Mesmo dinamicamente do sexo masculino. (Como o provou)

O homem, como |prova| o † de Júlio Dinis, é do sexo masculino, por razões que ele lá sabe.

O sr. Fialho acaba por virar os cestos ao diabo.

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[4] hermafrodita/o\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4328

Classificação

Categoria
Literatura
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Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

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Idioma
Português

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Biblioteca Nacional de Portugal
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