Identificação
[BNP/E3, 141 – 7]
Entende-se por antologia portuguesa a colecção daqueles breves poemas portugueses que são, conforme o critério do selector, dignos de ser conservados na memória constante dos que lêem português[1].
Raro é o poeta que exerce sobre si mesmo aquela severidade de escolha que se produz automaticamente no decurso dos tempos. Raro, pois, é poeta que escreve só o que deve, que não também o que sente.
Dispor a antologia por épocas seria incorrer em dois erros – (1) a monotonia da leitura, pois cada época, ainda que invisivelmente, tem um tom e uma voz próprios, em que se irmanam todos os poemas que nela se escrevem, (2) a omissão na escolha, pois nenhum crítico, por largo leitor que seja, pode abranger por completo a produção de uma época, para que saiba nela escolher o que mais vale, e, ainda que o pudesse fazer, haveria sempre que considerar o súbito aparecimento de um ou mais poetas desconhecidos da mesma época.
Escolhendo por qualidade, mas sem outro critério, além desse, que não o de variar os elementos justapostos, essas duas desvantagens desaparecem.
[1] lêem português /(falam português)\.