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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14B – 62-62b
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Alberto Caeiro
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Alberto Caeiro
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 14B – 62-62b]

 

Alberto Caeiro

 

Differences between Whitman and Caeiro are clear:

- Caeiro is clear, Whitman is confused, muddled.

- Caeiro is a subtler rhythmist than Whitman.

- Caeiro is far more of an intellectual than Whitman.

- We are convinced there is no influence at all. Caeiro is so like and so different from Whitman. He is so near and so far from him, that if he became him, he would either come nearer or

 

[62ar]

 

go further away.

- Whitman rarely has the tender emotion that is constantly characteristic of Caeiro. Caeiro is an atheist Saint Francis of Assisi. Whitman can neither be called an atheist nor a Saint Francis of Assisi.

- Whitman has unity like Caeiro's 8th and {...}th poems.

- Caeiro is a greater purely lyrical poet than Whitman.

 

[62br]

 

Whether himself active or not, Whitman is a poet of action. Caeiro is a purely contemplative poet. Caeiro is ever abstract, even when he is concrete. It has been noted - how different from Whitman! - that he never names a particular tree or flower. He always speaks of trees and flowers in the absolute abstract.

- Even when the attitudes seem alike, Whitman is always clearly democratic.

 

[62cr]

 

Caeiro's not obtrusively, but very clearly and very evidently aristocratic.

Blake Whitman - Caeiro seems a natural evolution.

Swinburne has spoken thus of Whitman: Never was high poetry etc (Bliss Perry p. 275).

Though Caeiro's poetry is almost all mere doctrine, it cannot be said of it that it in anyway fuddles and adulterates the undeniable poetry. It is poetry and philosophy simultaneously and interpenetrated.

 

 

[62v-62av]

 

We read Caeiro's poetry and in no notebook of his (if he keeps note-books) could we find anything like Whitman's "Get from Mr. etc" (Bliss Perry. 305). He is both too concrete to obtain his concrete facts thus second-hand, and too abstract to care for the facts thus concrete. The swing of his pendulum is greater than Whitman's. It is more concrete and more abstract, more materialistic and more spiritualistic, both clearer and more complex.

Caeiro, besides, is essentially disciplined.

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Their fundamental standpoints, after all, have only one thing in common - the opposition to civilization, to concrete and to

 

[62bv-62cv]

 

pure thought, quâ pure thought. All the rest is different. Caeiro is a radical enemy of all creeds; his creed, which is none at all, sets them all aside. Whitman's includes all. And this is ample proof of Caeiro's eminently intellectual attitude. He sees clearly and logically. A creed involving all creeds, if greater is also vaguer than them all.

 

 

[BNP/E3, 14B - 62-62b]

 

Alberto Caeiro

 

As diferenças entre Whitman e Caeiro são claras:

- Caeiro é claro, Whitman é confuso, desordenado.

- Caeiro é um ritmista mais subtil que Whitman.

- Caeiro é muito mais intelectual do que Whitman.

- Estamos convencidos de que não há nenhuma influência. Caeiro é tão parecido e tão diferente de Whitman. Ele está tão perto e tão longe dele, que se se tornasse nele, se aproximaria ou 

 

[62ar]

 

estaria mais longe.

- Whitman raramente tem a emoção terna que é uma característica constante de Caeiro. Caeiro é um São Francisco de Assis ateu. Whitman não pode ser chamado de ateu nem de São Francisco de Assis.

- Whitman tem unidade como o 8º e o {...} poemas de Caeiro.

- Caeiro é um poeta puramente lírico maior do que Whitman. 

 

[62br]

 

Quer seja activo ou não, Whitman é um poeta de acção. Caeiro é um poeta puramente contemplativo. Caeiro é sempre abstracto, mesmo quando é concreto. Tem sido notado - quão diferente de Whitman! - que ele nunca nomeia uma determinada árvore ou flor. Ele fala sempre de árvores e flores de forma absolutamente abstracta.

- Mesmo quando as atitudes parecem semelhantes, Whitman é sempre claramente democrático.

 

[62cr]

 

Caeiro não é intrusivo, mas muito clara e evidentemente aristocrático.

Blake Whitman - Caeiro parece uma evolução natural.

Swinburne falou assim de Whitman: Nunca houve alta poesia etc. (Bliss Perry p. 275).

Embora a poesia de Caeiro seja quase toda mera doutrina, não se pode dizer, de forma nenhuma, que confunde e adultera a inegável poesia. É poesia e filosofia simultaneamente e interpenetradas.

 

[62v-62av]

 

Lemos a poesia de Caeiro e em nenhum caderno dele (se é que ele mantém cadernos) poderíamos encontrar algo como "Busque no Sr. etc" de Whitman (Bliss Perry. 305). Ele é demasiado concreto para obter os seus factos concretos assim em segunda mão, e demasiado abstracto para se preocupar com os factos assim concretos. O balanço de seu pêndulo é maior do que o de Whitman. É mais concreto e mais abstracto, mais materialista e mais espiritualista, ao mesmo tempo mais claro e mais complexo.

Além disso, Caeiro é essencialmente disciplinado.

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Afinal, os seus pontos de vista fundamentais têm apenas uma coisa em comum - a oposição à civilização, ao concreto e ao 

 

[62bv-62cv]

 

pensamento puro, enquanto pensamento puro. Tudo o resto é diferente. Caeiro é um inimigo radical de todos os credos; o seu credo, que não é nenhum, coloca-os de lado. Whitman inclui tudo. E esta é a prova cabal da atitude eminentemente intelectual de Caeiro. Ele vê com clareza e lógica. Um credo envolvendo todos os credos, se é maior também é mais vago do que todos eles.

 

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3164

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

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Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Publicação Parcial: Alberto Caeiro, Poesia, edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p. 253.
Publicação Integral: Patricio Ferrari. “On the Margins of Fernando Pessoa's Private Library: A Reassessment of the Role of Marginalia in the Creation and Development of the Pre-heteronyms and in Caeiro's Literary Production.” Luso-Brazilian Review, vol. XLVIII, no. 2, 2011, pp. 61-63.
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