Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 79
Imagem
Impermanence
PDF
Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Impermanence
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 79]

 

Impermanence

 

The problem of the survival of literary works, and of the permanent elements of literature is, after all, a very simple one. All life is adaptation to environment, and all death inadaptation to it.

A work of art is therefore living or great by its approval as great by a critical environment. There are 3 environments of this kind. One is the immediate one – the nation to which the artist belongs or the strict epoch in which the work appears. The other is the larger environment of the whole course of the civilization to which the nation belongs, in whose language the literary artist wrote, or in which the artist was born (supposing him not a literary artist). The widest environment is that which is not that of a certain nation, nor even of a certain civilization, but of all nations in all times, and of all civilizations in all their eras – that basic human element which is present wherever an organized and cultured society exists, whatever its type of organization may be, of what kind soever its culture.

Certain ideas and forms of sensibility underlie each historical period qua such; certain {…} underlie each nation qua such and distinguish it from other nations throughout the space of its allotted life. An art adapted to the first of these environments dies out with its epoch and the small surviving influence of its |typical| ideas. If these ideas are important or civilizational

 

[79v]

 

rather than transitional, the work will make a greater bid for popularity; it will exceed the case we are discussing. An art adapted to a purely national environment, qua national will only by the shadowy fame of hearsay pass the frontiers of space, and will only pass those of time in proportion as the national instinct it received is near to that basic human instinct which underlies all types of nations and of cultures. That is why Greek art is so rooted in the earth of Time; for ancient Greece was of all nations the one which the most closely conformed to the eternal laws of civilization and of culture. Even if national therefore its art was universal and eternal; since the national and the eternal met in Greece.

 

 

[19 – 79]

 

Impermanência

 

O problema da sobrevivência das obras literárias e dos elementos permanentes da literatura é, afinal, muito simples. Toda a vida é adaptação ao meio e toda a morte é inadaptação a ele.

Uma obra de arte é, portanto, viva ou grande pela sua aprovação como grande por um meio crítico. Existem três meios deste tipo. Um é o imediato – a nação a que o artista pertence ou a época estrita em que a obra aparece. O outro é o meio mais vasto de todo o curso da civilização a que a nação pertence, em cuja língua o artista literário escreveu ou em que o artista nasceu (supondo que ele não é um artista literário). O meio mais vasto é aquele que não é o de uma certa nação, nem sequer de uma certa civilização, mas o de todas as nações em todos os tempos e de todas as civilizações em todas as suas eras – aquele elemento humano básico que está presente onde quer que exista uma sociedade organizada e cultivada, qualquer que possa ser o seu tipo de organização, qualquer que seja o seu tipo de cultura.

Certas ideias e formas de sensibilidade subjazem a cada período histórico enquanto tal; certos {…} subjazem a cada nação enquanto tal e distinguem-na de outras nações ao longo do espaço da sua vida. Uma arte adaptada ao primeiro destes meios desaparece com a sua época e com a pequena influência sobrevivente das suas ideias |típicas|. Se estas ideias forem importantes ou civilizacionais

 

[79v]

 

em vez de transitórias, a obra reclamará maior popularidade; excederá o caso em discussão. Uma arte adaptada a um meio puramente nacional, enquanto nacional, somente pela sombria fama do rumor passará as fronteiras do espaço e apenas passará as do tempo na proporção em que o instinto nacional recebido estiver próximo daquele instinto humano básico que subjaz a todos os tipos de nações e de culturas. É por isso que a arte grega está tão enraizada no solo do tempo; pois a Grécia antiga foi, de todas as nações, a mais proximamente conformada às leis eternas da civilização e da cultura. Mesmo tendo sido nacional, a sua arte era universal e eterna; uma vez que o nacional e o eterno coincidiram na Grécia. 

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2755

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Proprietário
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, pp. 278-279.
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas