Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 63
Imagem
Erostratus
PDF
Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Erostratus
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 63]

 

Erostratus.

 

Shaw, minor artist though he be, has nevertheless the virtue of being a stimulant. He stimulates to critical thought, though critical thought, once stimulated, will begin by breaking down all his illusions about mankind, who cares nothing for mankind, and justice, in which no one believes. Mr. Shaw, like most propagandists, is conducive to something else – a self-defeater by nature. A stimulant is something that excites us to be ourselves; thus whisky has led many men to deeds wholly unconnected with barley. Mr. Shaw follows the way of all stimulants: he expects we will agree with him, but that is not the way of stimulants – it is they that must agree with us.

 

Shaw’s capital fault – the capital fault of any man who may want to be considered an artist – is that he has no poetry in him. This means that he has no humanity in him.

 

Shaw is more like the founder of a religion than like a creator of literature, which, at any rate, he is not. He is not a Synge, nor even a Wilde. He has not the unopinions for that.

 

He has not that lack of opinions which the triumph and solace of mankind.

 

 

[19 – 63]

 

Heróstrato.

 

Shaw, apesar de ser um artista menor, tem, contudo, a virtude de ser um estimulante. Ele estimula o pensamento crítico, embora o pensamento crítico, uma vez que seja estimulado, começará por deitar abaixo todas as suas ilusões sobre a humanidade, que não tem nenhum interesse pela humanidade, e sobre a justiça, em que ninguém acredita. O Sr. Shaw, como a maioria dos propagandistas, conduz a uma coisa diferente – a um ser autodestrutivo por natureza. Um estimulante é algo que nos incita a sermos nós próprios; assim, o whisky conduziu muitos homens a actos sem qualquer relação com a cevada. O Sr. Shaw segue o rumo de todos os estimulantes: espera que concordemos com ele, mas isso não é o rumo dos estimulantes – são eles que devem concordar connosco.

 

O pecado capital de Shaw – o pecado capital de qualquer homem que queira ser considerado um artista – é que não possui poesia em si próprio. Isto significa que não tem humanidade em si.

 

Shaw assemelha-se mais ao fundador de uma religião do que a um criador de literatura, que, de qualquer modo, ele não é. Ele não é um Synge, nem sequer um Wilde. Ele não tem a falta de opiniões para isso.

 

Ele não possui aquela falta de opiniões que é o triunfo e o consolo da humanidade.

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2496

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Publicação parcial: Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, p. 211.
Publicação integral: Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 166-167.
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas