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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 54
Imagem
Erostratus
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Erostratus
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 54]

 

Erostratus.

 

It may be admitted that genius is unappreciated in its age because it is opposed to that age; but it may be asked why it is appreciated by the times that come after. The universal is opposed to any age, because the characteristics of that age are necessarily particular; why therefore should genius, which deals in universal and permanent values, be more kindly received by one age than by another.

 

The reason is simple. Each age results from a criticism of the age that preceded it and of the principles which underlie the civilizational life of that age. Whereas one principle underlies each age, or seems to underlie it, criticism of that one principle is varied, and has in common only the fact that it is a criticism of the same thing. In opposing his age, the man of genius implicitly criticizes it, and so implicitly belongs to one or another of the critical currents of the next age. He may himself produced one or another of those currents, like Wordsworth; he may produce none, like Blake, yet live by a parallel attitude to his, risen in that age by no discipleship properly such.

 

The more universal the genius, the more easily he will be taken up by the very next age, because the deeper will be his implicit criticism of his own. The less universal, within his substantial universality, the more difficult will his way be, unless he happens to hit the sense of one of the main critical currents of the age come after.

 

 

[19 – 54]

 

Heróstrato.

 

Pode admitir-se que o génio não é apreciado na sua época porque é oposto a essa época; mas pode perguntar-se porque é que é apreciado pelos tempos que se lhe seguem. O universal encontra-se oposto a qualquer época, porque as características dessa época são necessariamente particulares; porque deverá, pois, o génio, que lida com os valores universais e permanentes, ser mais gentilmente recebido por uma época do que por outra.

 

A razão é simples. Cada época resulta de uma crítica da época que a precedeu e dos princípios que subjazem à vida civilizacional dessa época. Embora esteja subjacente a cada época um certo princípio, ou pareça estar-lhe subjacente, a crítica desse princípio é diversa e tem apenas em comum o facto de ser uma crítica da mesma coisa. Ao opor-se à sua época, o homem de génio critica-a implicitamente e assim pertence implicitamente a uma ou outra das correntes críticas da época seguinte. Pode ele próprio produzir uma ou outra dessas correntes, como Wordsworth; pode não produzir nenhuma e, contudo, viver numa atitude paralela à sua, aparecida nessa época sem ser por um discipulado propriamente tal.

 

Quanto mais universal o génio, mais facilmente ele será apropriado pela época imediatamente seguinte, porque mais profunda será a crítica implícita à sua própria. Quanto menos universal, dentro da sua universalidade substancial, mais difícil será o seu caminho, a menos que aconteça atingir no sentido de uma das principais correntes críticas da época seguinte.

 

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2489

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Proprietário
Historial

Palavras chave

Locais
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Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, pp. 199-200.
Exposições
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