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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 20
Imagem
O Sentido do Classicismo
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
O Sentido do Classicismo
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 20]

 

O Sentido do Classicismo.

 

Entre as tendências recentes do espírito crítico europeu há uma que acima de todas avulta, quer pelo como está espalhada, quer pela coesão íntima dos vários pontos que representam a essência da sua doutrina. Essa tendência – representada pelo movimento conservador em política – aflora, na crítica literária sob a forma do chamado neo-classicismo.

No nome da doutrina vai já a sua explicação. Ela envolve uma contraposição nos princípios românticos ou pós-românticos – considerados quer como literariamente falsos (Mathew Arnold), quer como a forma literária de princípios políticos dissolventes – dos princípios por que ostensivamente se regia a literatura pré-revolucionária.

Como, porém, os expositores deste sistema não primam pela originalidade (cf. Maurras), sucede que, na elaboração(?) dessas doutrinas caiem em 3 erros, de onde resulta que {…}

 

Os 3 erros são: (1) errar o ponto de partida desses princípios clássicos, (2) confundir o conteúdo da obra de arte com o seu {…}, a sua estática com a sua dinâmica, (3) fazer crítica literária sem referência a condições mésicas.

 

[20v]

 

O primeiro erro é dos conservadores franceses, e, de aí, dos que eles influenciaram. Consiste em confundir a essência dos princípios clássicos com a sua aplicação em determinada época. Assim, quando defendem os princípios clássicos, defendem, em geral, apenas os princípios do século dezassete, e, o que é pior, do século XVII em França. Não reparam, porém, que a mentalidade francesa difere muito da mentalidade grega. O grego aceita as sensações e a vida e subordina-as a uma disciplina intelectual. O francês, incapaz de criar uma disciplina superior, trunca e restringe a vida e o sentimento para os poder disciplinar. É como um escolar que, tendo que somar parcelas cortando de números inteiros e quebrados, eliminasse 1º os quebrados,[1] para pôr disciplina no assumpto. No nosso neo-classicismo, |*integralmente| etc, é essencial dizer que não têm por arte †  

 

O papel da inteligência, no romantismo, é apenas representativo; serve apenas para exprimir a emoção que inspirou o poema. Nos pseudo-clássicos dos séculos anteriores, o papel da inteligência é outro – é criar a emoção; não cria nenhuma, é claro, porque esse papel é anti-humano, ao passo que o dos românticos é apenas inferiormente humano.

 

 

[1] tendo que somar parcelas cortando de números inteiros e quebrados, eliminasse 1º os quebrados, /cortando de números inteiros quebrado, eliminasse 1º os quebrados,\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2464

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
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Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, pp. 144-145.
Exposições
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