Identificação
[19 – 8]
Poetas:
de construção;
de intensidade;
de profundeza.
A. O tipo normal do poeta de construção é não um sentimento muito intenso nem muito profundo, mas de certo, médio, modo intenso, e não necessariamente de igual modo profundo. Tipo do poeta de construção há os gregos no alto grau, e, no baixo grau, Corneille, Racine, etc.
B. O tipo normal e puro do grande poeta de intensidade é uma construção firme mas curta, incapaz de construir complexidades, e uma profundeza média.– Victor Hugo é o melhor exemplo do tipo puro destes poetas.
C. Poeta profundo envolve poeta de pensamento original, visto que nada há de profundo em transferir literalmente pensamento profundo alheio; e para o transferir não-literalmente é preciso ser um pensador original para lhe poder dar outra forma. Ainda assim este último é o grau médio, ou entre médio e grande, da profundeza. (Wordsworth’s Ode, Junqueiro Luz). O poeta de profundeza é tipicamente incapaz de construir mesmo na extensão do poeta intenso; o pensamento é, de sua natureza, concentrado. Raras vezes é intenso o poeta de profundeza. (Quando o é é um |construtivo|(?)). Tipo de poeta de profundeza é
[8v]
Antero. Outro tipo é Pascoaes, que falha ao querer dar ou construção, ou intensidade.
Tipos mistos:
Poetas de intensidade-e-construção:
Milton (?)
Junqueiro (na “Pátria”) — Junqueiro tem profundeza média (Oração à Luz) —
Dante.
Poetas de construção-e-profundeza:
Goethe (a construção um tanto estragada pela profundeza – e falta de intensidade?).
Poetas de intensidade-e-profundeza:
Wordsworth (?)
Coleridge (?)
Browning (?)
______________________________________________________________________
Intensidade é saber manter através do seu desenvolvimento um tema qualquer (ou, se deverei chamar, arte, que é isso — não há desta “intensidade” na Salomé de Eugénio de Castro).
_______