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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 1
Imagem
[O que é o homem]
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[O que é o homem]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 1]

 

Nay, what is man himself but an inane blind insect buzzing against a closed window; instinctively he feels that beyond the glass a great light and a warmness. But he is blind and cannot see it; neither can he see that there is ought between him and the light. So he struggles lazily towards it. He may get further away from the light, but nearer than the glass he cannot get. How will Science help him? He may find out the particular roughnesses and nodosities of the glass he may get to know that here it is thicker, there thinner, here coarser and there finer: with all this, kind philosopher, how nearer is he to the light? How nearer is he to seeing. And yet I believe that the man of genius, the poet, does somehow struggle through the glass into the outer light; he feels warmth and gladness at being so much beyond all men, but is even he not still blind; is he any nearer to knowing the eternal Truth?

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___

Let me stretch further my metaphor. There are some who move away from the glass on the wrong side, backwards; but finding themselves near no glass shout, beside themselves, we are through.

 

 

[19 – 1]

 

Não, o que é o próprio homem senão um insecto oco e cego, zumbindo contra uma janela fechada; ele sente instintivamente para além do vidro uma grande luz e calor. Mas ele é cego e não consegue vê-la; nem consegue ver que existe algo entre si e a luz. Então, esforça-se preguiçosamente para ir em direcção a ela. Ele pode afastar-se da luz, mas não consegue ir mais próximo do que o vidro. Como é que a Ciência o ajudará? Ele poderá descobrir as rugosidades e nodosidades particulares do vidro, ele poderá chegar a conhecer que aqui é mais grosso, ali mais estreito, aqui mais áspero, ali mais delicado: com tudo isto, gentil filósofo, quão mais próximo se encontra ele da luz? Quão mais próximo está de ver. E, porém, eu acredito que o homem de génio, o poeta, consegue, de algum modo, ir além do vidro em direcção à luz exterior; ele sente calor e alegria em estar tão muito além de todos os homens, mas não será ele ainda assim cego; estará ele mais próximo de conhecer a Verdade eterna?

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Levemos a minha metáfora mais longe. Existem alguns que se afastam do vidro para o lado errado, para trás; mas não estando mais próximos do vidro gritam, a despeito de si próprios, atravessámos.  

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2451

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Proprietário
Historial

Palavras chave

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Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Publicação parcial: Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, p. 120.
Publicação integral: Fernando Pessoa, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal, edição e posfácio Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, p. 18.
Exposições
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