Identificação
[BNP/E3, 103 – 47]
elementos da nova poesia portuguesa
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idealismo – Antero de Quental
evolucionismo – Guerra Junqueiro (nação)
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O espírito é uma matéria mais divina. A matéria não é uma ilusão nem a aparência: é o incompleto, o informe. Não há senão espírito: a matéria é espírito na sua forma ínfima.
O materialmente como o animal sonha deus, não é senão um espiritualmente, mas fraco.
A matéria é como que a definição do espírito, mas é espírito: precisamente como o gelo é a definição da água, mas é água. É precisamente, inteiramente assim. Compreender de modo material é compreender de modo baixamente espiritual. A maravilhosa intuição de William Blake: “O corpo é a parte da alma que os sentidos {…}” é quase {…}, é mesmo a característica da {…} de que William Blake (spiritualist). A matéria é espírito visto irreal. A compreensão material é a espiritual ainda em nebulosa.
Cf. “Spirits are organized men” de William Blake
[47v]
Como a água é gelo.
O espaço existe, o espaço entre o mesmo espaço. Esse espaço é Deus.
Quote António Correia d’Oliveira (Pinheiro Exilado):
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Mas há um dualismo – o dualismo é inevitável – na metafísica da nossa nova poesia. Qual é esse dualismo? É como que um dualismo de grau. A visão material das coisas, a visão humana das coisas é puramente a visão de um ente inferior em relação a outro. O conceito de evolução – ideia incluída e base naturalista da sua metafísica – trai isso. O animal sonha Deus materialmente; mas esse sonho material é, a seu modo, verdadeiro; o que é é inferiormente, incompletamente verdadeiro. Assim, não há dualismo, mas graus.