Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 100 – 4–6
Imagem
Essay on Poetry
PDF
Autor
Professor Trochee

Identificação

Titulo
Essay on Poetry
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 100 – 4–6]

 

poetic

Essay on Poetry

Written for the Edification of Would-be Verse-writers

By Professor Trochee

 

When I consider the superabundance of young men and the great number of young women in the present century, when I survey the necessary and consequent profusion of reciprocal attachments, when I reflect upon the exuberance of poetical compositions emanating therefrom, when I bring my mind to bear upon the insanity and chaotic formation of these effusions, I convince myself that, by writing a good and convenient essay on the poetical art, I shall be greatly contributing to the emolument of the public.

Having, therefore, carefully considered the best and most practical way in which to open such a relevant discussion, I have most wisely concluded that a straightforward exposition of the rules and exceptions of poetry is the manner in which I shall present my most orthodox ideas to the patient readers. I have thought it useless and inappropriate to refer myself too often to the ancient critics on the art discussed, one of my reasons for so doing being that I am unacquainted with anything beyond their names. I must therefore ask my kindly readers to appeal, during the perusal of this composition, to their common sense, or to whatever mental faculty occupies in their brains the place taken in ordinary mortals’ by that quality.

 

[5r]

 

Firstly, I think it proper to bring to the notice the would-be poet a fact which is not usually considered and yet is deserving of consideration. I hope I shall escape universal ridicule if I assert that poetry should, be susceptible of scansion. I wish it, of course, to be understood that I agree with {…} in maintaining that strict scansion is not at all necessary for the success nor even for the merit of a poetical composition. And I trust I shall not be deemed exceedingly pedantic if I delve into the storehouse of time to produce, as an authority, some of the works of a certain William Shakspeare, or Shakespeare, who[1] lived some centuries ago and even enjoyed some reputation as a dramatist. This person used often to take off, or add on, one syllable or more in the lines of his numerous productions, and, if it be at all allowable in the age of Kipling to break the tenets of poetical good-sense by imitating some obscure scribbler, I should dare to recommend to the beginner the enjoyment of this sort[2] of poetic licence. Not that I should advise him to add any syllables to his lines, but the subtraction of some is often convenient and desirable. I may as well point out that if, by this very contrivance, the young poet, having taken away some syllables from his poem, proceed on this expedient, and take all the remaining syllables out of it, although he might not thus attain to any degree of popularity, he nevertheless would exhibit an extraordinary amount of poetical common sense. If the poem under question be dedicated to some nymph or naiad, this magnificent condensation may not please her, but do you merely remind her that, if she will not accept the re-

 

[6r]

 

mainder of the poem, that is to say, your name, her love for you is not the thing you expected.

There are not many other useful remarks that I can make upon scansion; I might, of course, spend nights and days in the process of demonstrating to you its various eccentricities, but, since that would only be wasting your patience and my time, I beg, therefore, to proceed {…}

 

[6v]

 

Introduction

Introduction

Introduction

Introduction aux études Gastronomiques Introduction

Études

Introduction Introduction

Introduction

Introduction

Introduction Introduction

Introduction Introduction

Denton

A Burla do Constitucionalismo

Denton

David David David

David Essay on Poetry

David Ginkel

Essay David

David Alexander

David debt

De

David Denton

Denton Denton

 

 

[BNP/E3, 100 – 4–6]

 

poético

 Ensaio sobre Poesia

Escrito para a Edificação dos que Pretendem ser Versificadores

Por Professor Trochee

 

Quando considero a abundância de jovens rapazes e o grande número de jovens mulheres no presente século, quando examino a necessária e consequente profusão de vínculos recíprocos, quando reflicto sobre a exuberância de composições poéticas que daí emanam, quando sou levado a considerar a insanidade e a formação caótica destas efusões, convenço-me que, ao escrever um ensaio bom e convincente sobre a arte poética, estarei contribuindo consideravelmente para o proveito do público.

Tendo, por conseguinte, considerado cuidadosamente a melhor e mais prática forma de abrir uma discussão tão relevante, concluí de um modo muito sensato que uma afirmação directa das regras e excepções da poesia é a maneira pela qual devo apresentar as minhas mais ortodoxas ideias ao leitor. Considerei inútil e inapropriado referir-me demasiadas vezes aos antigos críticos da arte em causa, sendo uma das minhas razões para fazê-lo que não conheço nada. Devo, portanto, pedir aos meus gentis leitores que recorram, durante a leitura desta composição, ao seu senso comum ou a qualquer faculdade mental que ocupe nos seus cérebros o lugar assumido por essa qualidade no comum dos mortais.

 

[5r]

 

Em primeiro lugar, considero apropriado chamar a atenção daquele que pretende ser poeta para um facto que não é habitualmente considerado, embora seja digno de consideração. Espero escapar ao ridículo universal quando afirmo que a poesia deve ser susceptível de escansão. Desejo, é claro, que se compreenda que concordo com {…} ao afirmar que uma rigorosa escansão não é de todo necessária para o sucesso nem mesmo para o mérito de uma composição poética. Acredito que não serei considerado excessivamente pedante se eu mergulhar no armazém do tempo para apresentar, como autoridade, algumas obras de um certo William Shakspeare, ou Shakespeare, que viveu há alguns séculos atrás e gozou de uma certa reputação enquanto dramaturgo. Esta pessoa costumava retirar ou acrescentar uma sílaba ou mais às linhas das suas numerosas produções e, se for de todo permissível na época de Kipling quebrar os princípios do bom senso artístico, limitando um rabiscador obscuro, ousarei recomendar ao iniciante o prazer deste tipo de licença poética. Não que eu deva aconselhá-lo a adicionar sílabas às suas linhas, mas a subtracção de algumas é comumente conveniente e desejável. Devo, de igual modo, assinalar que se, por esse artifício, o jovem poeta, tendo retirado algumas sílabas do seu poema, prosseguir com esse procedimento e retirar todas as restantes sílabas, ainda que ele não atinja, desse modo, nenhum grau de popularidade, terá, contudo, demonstrado uma quantidade extraordinária de senso comum poético. Se o poema em questão for dedicado a alguma ninfa ou náiade, esta magnífica condensação pode não agradar-lhe, mas lembrar-lhe-á que, se não aceitar o restante

 

[6r]

 

do poema, isto é, o seu nome, o amor dela por si não será o que espera.

Não existem muitas outras observações úteis que eu possa fazer sobre a escansão; poderei, é claro, passar noites e dias no processo de demonstrar-lhe as suas várias excentricidades, mas, uma vez que isso seria apenas desperdiçar a sua paciência e o seu tempo, suplico, portanto, para continuar {…}

 

[6v]

 

Introdução

Introdução

Introdução

Introdução aos estudos Gastronómicos Introdução

Estudos

Introdução Introdução

Introdução

Introdução

Introdução Introdução

Introdução Introdução

Denton

David David David

David Ensaio sobre Poesia

David Guinkel

Ensaio David

David Alexander

David dívida

De

David Denton

Denton Denton

 

[1] who /that\

[2] sort /kind\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2288

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria
Heterónimos

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Eu Sou Uma Antologia, Edição de Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari, Lisboa, Tinta-da-China, 2013, pp. 171-173.
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas