Identificação
[BNP/E3, 88 – 28]
Estética (Sensacionismo?)
Toda a actividade humana se acha subordinada a um triplo critério, que resulta da tripla base da vida dos homens em sociedade. A vida dos homens em sociedade assenta, evidentemente, sobre três elementos essenciais: (1) a relação económica, que se baseia, por sua vez, no instinto de conservação; (2) a relação sexual, que se apoia no instinto da reprodução, ou da conservação da espécie; (3) a relação intelectual, que se apoia na consciência larga que o homem tem de si-próprio, e que representa a conservação da personalidade.[1]
Resulta de aqui, vendo bem que tudo isto se apoia no facto, distintamente humano, da consciência-de-si-próprio, que o homem interpreta tudo através de três critérios, que distinguem como humana essa interpretação: (1) o critério do valor, que provém da relação económica; (2) o critério do prazer, que provém da relação sexual; (3) o critério da sociabilidade (??????) {…}
Os fenómenos psíquicos que caracterizam os agrupamentos humanos chamados sociedades, e que os distinguem dos agrupamentos animais – mesmo os mais perfeitos, como o cortiço e o formigueiro – derivam todos, como é fácil de ver, da circunstância |humanamente distintiva|, de o homem ser dotado de consciência de si próprio num grau e num género diferente do dos outros animais. Não importa aqui investigar qual o processo evolutivo que deu origem a essa consciência mais larga, ou, mesmo, qual a distinção que o psicólogo científico consente para estabelecer entre o psiquismo humano e o dos animais “inferiores” ao homem. Importa apenas, constatado o facto indiscutível, da superioridade
[28v]
dessa consciência como consciência, verificar nitidamente qual o resultado que essa consciência traz às relações dos indivíduos nas sociedades humanas, distintivamente das relações entre os indivíduos nas “sociedades” animais. (Não importa se a diferença é de grau, ou de género, de consciência; importa apenas ver qual a diferença, valha ela o que valer).
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No “inanimado”, nitidamente tal: não há distinção entre o indivíduo e a espécie – um bocado de ferro, não é aquele ferro, mas ferro; não há descontinuidade de vida, ou de existência, isto é, a forma essencial de vida é sempre a mesma, ao passo que no “animado”, nitidamente tal, há descontinuidades – há o alimento, que é uma coisa não de sempre mas essencial, há o repouso, de que se pode dizer o mesmo, e há a doença, que é já noutra |ordem de vida|, {…}
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Nos animais – a necessidade de alimento cria a noção instintiva do útil |ou| do necessário; a necessidade da união sexual cria o instinto do complementar; e a necessidade do repouso cria o instinto do agradável.
No homem:
a noção de útil transforma-se, por a criação da vida propriamente económica na ideia de valor;
a noção de complementar transforma-se, ( {…} ), na ideia de perfeição
a noção de agradável transforma-se ( {…} ), na ideia de {…}.
[1] da personalidade./(da sociedade)\