Identificação
[BNP/E3, 146 – 1-2-2]
Nova Poesia Portuguesa
O argumento exposto ao Dr. Lopes Germano
Coleridge – Poe – Baudelaire – Verlaine – Nobre – Pascoaes
Dois místicos que lembram Pascoaes – Blake e Novalis – eram ambos leitores de Jacob Boeheme. cf. isto com o caracter hegeliano do sentimento essencial da nossa nova poesia.
Para o romântico um poente, perdendo a objectividade lúcida para os sentidos, passa a interessar pela tristeza que causa, tristeza que vem da alma doente. Mas esta tristeza chama mais intimamente a atenção para o poente – daí o apreciá-lo mais, o senti-lo, o descrevê-lo portanto doutro, e íntimo e detalhado, modo.
Um clássico que se sentia triste ante um poente sentia-se à parte do poente, no que triste. Via o poente e sentia-se triste. Descrevia o poente e a sua tristeza…
[1-2r]
|Para um simbolista há já outro passo dado. Passa o poente a representar, a simbolizar a sua tristeza.|
Para o saudosista a ligação é mais íntima. O poente é tristeza; não a causa (|como para o clássico|), não a acorda (como para o romântico); não a representa, como para o simbolista; é-a.
(Para o romântico, o poente, como cansado da tristeza, passa a ficar dentro dele).
– O que preocupa o clássico é que ele sente, não a causa – não é humano o sentimento (ou sua expressão) talvez – que o faz sentir.
– O romântico, como sente mais, dá mais atenção à causa que o faz sentir. (O desenvolvimento dos sentimentos? Alguma causa mas pouca influência… – A música?)
– Para o simbolista passa a sensação a ser tudo, |e a causa nada|.
= Resultado para a expressão (fisionomia da nossa corrente literária)
[2r]
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O romantismo só olhava à sua própria alma, às suas sensações, à sua alma em relação com suas sensações (doentio). Daí: e não com as outras almas (como o clássico)
(1) Como a natureza é a maior dessas sensações, para o romântico a Natureza é o como há de essencial). (Pensa por imagens etc.)
(2) Como {…}
Para o simbolista (o sentimento é um sentir doente {…}
(1) A sua própria alma é que é a sua principal sensação. Tudo portanto é descrito por ele em termos da sua própria alma.
Ou (1) As suas próprias sensações da natureza, do exterior é que é o imediato e essencial. Daí a mistura de sensações. E.g. quem diz “sensação agradável viva”. Busca uma sensação muito agradável, e.g. perfume. Vendo busca o que o dê o vermelho. Resultado: perfume vermelho.
A sua principal sensação são as suas sensações. (pelo que interiores, não pelo que exteriores)
[2-2r]
“Comme ta voix fait le parfum”.
Se Baudelaire estivesse com atenção ao que ouvia, não ouvia lá perfume mas cheiro, visto que o perfume não é coisa que se ouça. Mas estava atento apenas ao que sentia e só podia dizer-se que sentia daquele intenso modo.
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