Identificação
[BNP/E3, 144 – 92-93]
História da Literatura Inglesa
Veremos como a história da literatura inglesa nos mostra a história do carácter do povo inglês, como nas variações da literatura lemos nitidamente e sem esforço as variações do carácter das épocas; como os autores as representam clara e evidentemente.
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Esse período isabeliano foi isto: o vir à tona de todo o romantismo inglês, de toda a fantasia e imaginação características deste povo. O impulso foi enorme e um tanto deslocado; gastou-se, degenerou para os cavaliers, e o puritanismo apagou-o, apagando-os a eles. Quando foi da restauração ressurgiram – sim – os cavaliers, mas os traços de carácter que com eles surgiram foram já aqueles que os cavaliers anteriores tiveram mas que já eram mais seus que isabelianos. Como a evolução da literatura nos
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mostra isto bem! Como é significativa a asserção do espírito prático inglês – religioso, autoritário, {…} – sobre o espírito romântico, na famosa ditadura de Cromwell, com o seu ódio às letras propriamente ditas, com o seu encerrar dos teatros. Notemos bem. Primeiro a explosão do espírito romântico inglês – período isabeliano; depois, a explosão reactiva do espírito prático – período cromweliano; depois fusão gradual dos dois elementos e gradual construção intelectual e moral do povo inglês. Vejam os detalhes deste último período (que envolve vários períodos) de constituição.
Veremos como, da restauração ao reinado de Guilherme e Maria vai morrendo o resto frouxo do antigo romantismo, (Dryden indica a transição), como neste reinado, no da rainha Ana, e nos dos dois 1os Jorges
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(o apogeu sendo no reinado da rainha Ana) o espírito positivo se vai radicando. As influências são francesas, desde Carlos II até Johnson, no tempo do qual já decresciam. Veremos depois gradualmente constituindo-se e ressurgindo outra vez o romantismo, equilibrado pelo espírito positivo da escola de Pope. Tão equilibrado por essa escola, que surge desequilibradamente, pleno, nas “Lyrical Ballads” de |1798|. Veremos a influência do género peninsular e como se forma e se constitui gradualmente o carácter inglês. Finalmente constata-se depois da morte do romantismo, do período indeciso e incaracterizado das revindicações políticas {…} – e a era de Tennyson mostra-nos o carácter inglês completamente constituído, representando aquele poeta completamente o carácter inglês típico. Veremos uma certa degenerescência aparecer depois, veremos
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sinais de decadência intelectual e moral aparecer, tipificados pelos pré-Rafaelistas. Veremos tudo isto.
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