Identificação
[BNP/E3, 144 – 20-20a]
O Píncaro:
A nova poesia portuguesa quando chegar ao auge deve ser como o píncaro, o lugar onde vão dar todos os caminhos que sobem. Ora ela por enquanto não está nesta situação. Não absorveu ainda todas as virtudes do passado. Há correntes (ou uma corrente) que não inclui ainda em si.
Contém, e transcende, o sentimento da natureza dos românticos; contém e transcende o sentimento amoroso dos românticos (Elegia de Teixeira de Pascoaes, “Perturba-se a minha alma,” de Jaime Cortezão)… (… anything more?) Mas não contém (|nem| |transcende, é claro|) a nitidez |dos parnasianos; não contém a névoa espiritual dos simbolistas. E aqui é que está o defeito. Não está, mesmo como corrente, no píncaro ainda.
[20ar]
André Beaunier. Notas.
“La Poésie Nouvelle”
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Prefácio.
- O individualismo comum a todos os novos poetas.
- O facto de rejeitarem totalmente (pelo menos na intenção e com certeza em muita coisa) o passado: um erro que os estampa de não-novos (no sentido que André Beaunier quer que eles sejam). Toda a nova poesia que é grande se caracteriza por nada perder das virtudes das correntes anteriores. Ora os simbolistas perderam defeitos e virtudes do romantismo. Cortaram até com o tom do passado: o seu defeito radical é esse.
O simbolismo foi morbidamente novo.