Identificação
[BNP/E3, 144 – 19]
Inquérito
I.
Não vêem, meu caro amigo, em seu tempo[1] lógico ou prático[2] as páginas pesadas deste opúsculo. Circunstâncias no meu psiquismo, que seria de egotista querer dizer, e incrítico pensar em explicar, |demoraram tanto a publicação dele| que se o raciocínio não fosse da natureza das coisas eternas, seria útil não o publicar.
Como não quero entrar no assunto pela janela, -----→
Importa-me pouco, muito pouco, a parte vestibular[3] deste assunto qual seja a de inquirir do valor da sua ideia, e do da realização dela, ao |enveredar| pelo caminho de perguntar a vários evidentes da nossa terra, literatos alguns, a sua opinião sobre o estado da contemporânea literatura de Portugal[4].
[19v]
{…} passo a não omitir este |assunto| de limiar, e {…}
A consideração inicial do seu inquérito envolve o perscrutar qual a orientação que o meu amigo lhe deu, qual a parte dessa orientação porque foram representáveis circunstâncias efeitos que não tiveram por causa nem o meu amigo nem os respondentes e, por fim, qual a atitude {…} ou cometida pelos indivíduos que consultou.
A sua ideia de um inquérito foi boa. Veio na sua hora, que é a hora portuguesa de hoje, qual não sei, mas antemanhã decerto.
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Tinha v. ouvido dizer a muitos que isto e aquilo (aqueles e isto para grandiloquência) se ia passando entre nós literariamente; a outros, e a si próprio, assim negara. E inquirir, inquiria bem só num ponto: esse fazer incidir o seu questionário para cima da República Portuguesa. Se é uma intuição, foi justa a intuição. Se o intuito foi nalgum ponto malévolo, perdoemos-lhe o mal que quis pelo bem que fez.
[1] seu tempo /sua hora\
[2] prático /comércio\
[3] a parte vestibular /este aspecto sem parte vestibular\
[4] da contemporânea literatura de Portugal /[da hodierna literatura portuguesa]\