Identificação
[BNP/E3, 142 – 69]
Pouca há que dizer, como explicação antecipada, destes poemas em que se resume a história passada e a promessa da história futura, de Portugal. O pouco que se dirá é o de que porventura se sentiria a falta para o entendimento de alguns poemas que em si mesmos, para alguns leitores, não conterão a própria explicação.
Logo no primeiro poema se fala de três nações, como se em Europa não houvesse outras. É que a civilização europeia é criação de essas três, e só delas, não sendo as outras mais que distribuidoras dessa civilização fundamental e criadoras de elementos secundários dela. Foi a civilização moderna criada pela concentração e europeização da alma antiga, e isso foi obra da Itália; pela abertura de todas as portas do mundo, e o descobrimento dele, e isso foi obra de Portugal; e pela restituição da ideia de Grande Império, e isso foi obra de Inglaterra. Tudo mais é de segunda ordem.
Notar-se-á que se considera a História de Portugal como fechada nas duas primeiras dinastias, dando-se como não existente a dos Filipes, a dos Braganças e a República. Assim é. Estes três tempos são o nosso sono; não são a nossa história, senão que representam a ausência dela.
[69v]
Não são necessárias mais explicações. Quem não compreender qual é a Terceira Ordem que, na sucessão do Templo e da de Cristo, sucedeu a esta última, como ela sucedera à do Templo, não pode compreender ainda que se lhe explique. E quem não compreender porque razão entra o alienado António Conselheiro, que ergueu o estandarte do Império contra a República Brasileira, no decurso de uma obra, a que faltam tantos vultos aparentemente, e na ordem humana, tão superiores a ele, também não compreenderá melhor quando se lhe explicasse.
Quanto está, tanto basta. Do resto, se dirá como no Evangelho, “Os mortos que enterrem os seus mortos”.