Identificação
[BNP/E3, 142 – 56-57]
(1) Quem explica uma coisa explica sempre sob um ponto de vista qualquer.
(2) Quanto mais restrito esse ponto de vista, mais claro e portanto supremo se torna no cérebro do filósofo.
(3) Quanto mais realmente vago esse ponto de vista mais factos se podem fazer mostrar nele (o aspecto metafísico dos seres sendo absolutamente vago, em metafísica todos os temas se sustentam com esplendorosos argumentos).
E.g. o ponto de vista de um astrónomo é tão restrito como o dum semiólogo – uma ciência cada uma; mas a semiologia é uma ciência confusa, enquanto a astronomia está muito segura e evidente.
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Ora a ciência do mito (especialmente a de Dupuis), parte avançada da semiologia está ainda muito vaga. Eis tudo.
[57r]
Que um filósofo, um homem qualquer, veja as coisas de certo modo, que cada um tenha um ponto de vista especial, mas duvidável – isto parece mais do que lógico e necessário. Mas que cada um tão facilmente encontre argumentos, tão fielmente compreenda factos dum ponto de vista – isso é que é mais difícil de compreensão.