[BNP/E3, 14² – 13]

As Sete Salas do Palácio Abandonado – Poemas – Precedidos de um Ultimatum da Literatura Definitiva.

Quando digo, pois, “literatura definitiva,” quero dizer uma literatura cuja atitude é o aboutissement duma evolução, ainda que, porventura, essa literatura venha a ser suprida por outra. Como, porém, esse fenómeno só se poderá dar de aqui a inúmeros séculos, por uma humanidade psiquicamente transformada, emprego a expressão definitiva ousadamente, porque para nós, humanidade actual, assim como para a humanidade que se nos seguirá ainda durante centenas de séculos, outra não poderá ser a atitude literária, do que esta, definitivamente envolvente das pseudo-artes.

Melhor teria dito, talvez, “arte definitiva”, pois que a literatura seja, neste caso, a única arte, absorvidas por ela todas as outras. Mas, em título de manifesto, como em qualquer título, temos que contar, mais do que nunca, com a possível incompreensão do público, aqui altamente desvantajosa, e como a público por “arte” entende, sem querer, todas as artes, pareceria que o manifesto abrangia uma fórmula artística para ser aplicada a todas as artes, admitindo-as. Assim, ainda que pareça referir-se só a literatura e a ideia que decorra de aí seja falsa, o facto é que, com efeito ele se refere só a literatura.

(Não seria, porém, realmente melhor, pôr: “Ultimatum da Arte definitiva”)