Identificação
[BNP/E3, 141 – 49]
1) Concepção integral da natureza-alma:
A folha que tombava… (Teixeira de Pascoaes)
E mal o luar os molha… (Jaime Cortesão)
2) Concepção objectiva, interpenetrada de natureza e alma,
… E em redor
Nocturnos, mudos sonhos me envolviam,
Possuindo a minha alma e se infiltrando
Tão fundo na minha alma – que um momento
Numa só treva em mim se confundiam
Sonhos e pensamentos… (António Correia de Oliveira. O Pinheiro Exilado p. 13)
3) Paralelo conceito objectivo de natureza e alma
(literatura francesa contemporânea)
(nem grandes poetas nem grandes dramaturgos, por causa da coexistência, não fusão, dos dois objectivismos).
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Não confundir:
(1) Expressão complexa da corrente com outras expressões complexas.
(2) Expressão característica da corrente com outras parecidas, casuais noutras correntes, por exageros ou desvios (e.g. Ce que dit la bouche d’ombre cf. Blake)
(3) Expressão {…}
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|No simbolismo| começou a transposição de sensações que é |o princípio| da fusão da sensação de natureza com o sentimento de alma.
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Isto (de Basílio Teles) é manifestamente ridículo: eram as condições sentimentais muitas vezes ridículas, mas e quando se exprimem como vaidosas, quando falam de si, ou, quando muito quando apoucam outros. Ora o caso aqui é oposto totalmente.
[49v]
O argumento que as renascenças são feitas |por nações|, não por homens – claro que são. Elogiar os escritores da República Portuguesa e depois julgar que eles procuram por fusão renascer a Pátria, eles, cada um por si, por sua acção exclusiva – isso é chamar-lhes estúpidos depois de lhes chamar inteligentes.
O caso Brandão-Pascoaes. Se um matulão me dá um encontrão na rua {…}
Se alguém me chamar amanhã besta – me chamar nomes feios, simplesmente, o que respondo? – Replico no mesmo tom? De modo algum; para que {…}; e de mais a mais posso não o considerar besta. (É o que acontece aqui, pois é absolutamente impossível que Pascoes e J. Brandão se entreconsiderem idiotas e maus-poetas, absurdamente impossível; e a incisividade das descomposturas tomadas é, por isso, o que de paralelas têm. São o chamar-de-nomes que gente parecida usa em disputas: nada ligam ao sentido dos nomes, são pensados como palavras, pedradas verbais.)
Se alguém amanhã me chamar besta, o mais que faço é exigir argumentos, que me provem porque é que sou considerado besta; se por tais e tais opiniões, que as reporte. Ou não aceita – fico no meu ponto; ou aceita e então passa a ter a que responder por ter antes que raciocinar.
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O mal de Pascoaes é ser muito impulsivo. Que o é nota logo a quem lhe leia 2 linhas de prosa – à efervescência como elogia deve corresponder a efervescência correspectiva. Não há aqui nada de maldade; há impulsividade e, se maldade houver, já tinha notado ser posição com os elogios se posição tinha. Não viu isto o psicólogo Júlio Brandão. Ver isto é que o faria psicólogo.
A vaidade, o {…} dão cálculo, medida. Que cálculo não escreve do Basílio Teles, só que ele traz o |*livro de facto|, que é {…} Há aqui o entusiasmo genérico, transformado para {…} ridículo enorme. Digo isto para tirar a muitos {…} a impressão que lhe produziu, da
[49r]
suposta, maldade, ou suposta de Pascoaes.