Identificação
[BNP/E3, 14E – 87]
Greenwood – p. 333 – N. (and other points)
Ausência de referência a Shakespeare
Ou esses autores o ignoravam, ou não, e se não, ou o não citaram por inatenção (de desdém ou de {…}) ou então por qualquer outra causa.
(1) Não o podiam ignorar. Se não houvesse referência nenhuma; mas alguma há. Há capas de livros, etc.
Portanto, não o ignoravam.
(2) Shakespeare não está na linha directa da evolução da poesia inglesa. O seu estilo é supernormal mesmo para as alturas da época… Por isso havia a inatenção para a sua obra. Os elogios abundosos de Ben Jonson provam isto flagrantemente.
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(3) Se conscientemente omitem toda a referência a Shakespeare ou sabiam que se tratava de um pseudónimo ou não. Se não sabiam do pseudónimo, a sua omissão só pode ter um fim – conspirar pelo silêncio contra Shakespeare. Esta hipótese basta se posta para ser deposta. O fenómeno é inconcebível, especialmente quando desacompanhado de referências desagradáveis que são o outro aspecto de um modo desigual, mas menos |*heréticos|. Mas não falemos mais nesta triste necessidade de enumeração raciocinativa.
Se sabiam que se tratava de um pseudónimo, há duas hipóteses pensáveis – que ou sabiam ou não de quem ele era. Se não sabiam, que razão lhes era isso para não citar as obras? Que, consoante lhes parecesse melhor, ou citavam esse nome presuntivamente conhecido em grandeza, como produz a simples-
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mente como um nome qualquer. Se sabiam de quem esse era tão relativamente geral esse conhecimento – como não se derramou nada para {…}. O quê? Estes humanos fazendo de inábeis para guardar segredo?
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O caso é a inatenção. Shakespeare está fora do conhecimento directo da literatura inglesa.
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[Cf. os casos de Camões e, sobretudo, de José Anastácio da Cunha, na literatura portuguesa]
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Linha da evolução da literatura inglesa: Surrey - Spenser - Marlowe - Jonson - |Milton|
Nota de leitura do livro presente na Biblioteca Particular de Fernando Pessoa com a referência: CFP 8-238 - George Granville Greenwood, The Shakespeare Problem Restated, London, New York: John Lane company, 1908, p. 333.