Identificação
[19 – 25]
Literatura da Decadência.
Tende o poeta usual e puramente de sentimento a cair no defeito da retórica e da pieguice; tende o poeta místico e {…} a cair no defeito do excesso de mistura do ideal e do real, do espiritua1 e do terreno; tende, finalmente, o poeta simples e realista a cair no defeito da expressão chã ou trivial. São estes os 3 defeitos a que costuma descer a poesia sã: |exagero do sentimento poético, deficiência do sentimento poético, e confusão do sentimento poético|.
Mas o género de defeito[1] em que de ordinário os decadentes caiem não pertence a nenhuma dessas categorias. Sem dúvida que os decadentes têm todos os 3 defeitos citados, e vulgarmente os têm – em especial o do prosaísmo. Mas o defeito
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natural nas obras deles não é nenhum dos apontados. É um outro mais curioso, o qual consiste na |justaposição delirante dos epítetos, na incoerência geral do frasear. É o {…} usual do místico {…}
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O primitivo não sofre o regresso de intelecto; o degenerado sofre-o.
É como a assexualidade de uma criança, e a dum velho; {…}
[1] defeito/(s)\