Identificação
[19 – 4]
Goethe.
O homem de génio é um intuitivo que se serve da inteligência para exprimir as suas intuições. A obra de génio – seja um poema ou uma batalha – é a transmutação em termos de inteligência de uma operação superintelectual. Ao passo que o talento, cuja expressão natural é a ciência, parte do particular para o geral, o génio, cuja expressão natural é a arte, parte do geral para o particular. Um poema de génio é uma intuição central nítida resolvida, nítida ou obscuramente (conforme o talento que acompanhe o génio), em transposições parciais intelectuais. Uma grande batalha é uma intuição estratégica nítida desdobrada, com maior ou menor ciência, conforme o talento do estratégico, em transposições tácticas parciais.
O génio é uma alquimia. O processo alquímico é quadruplo: (1) putrefacção, (2) albação, (3) rubificação, (4) sublimação. Deixam-se, primeiro, apodrecer as sensações; depois de mortas, embranquecem-se com a memória; em seguida rubificam-se com a imaginação; finalmente se sublimam pela expressão.