Identificação
[BNP/E3, 18 – 21]
António Mora
Não repararam na natureza da Arte.
Procura a arte imitar a Natureza; mas imitá-la completamente. À obra de arte, porém, dado que é produto do pensamento e não da natureza, falta uma coisa – a vida. Por isso a “imitação completa” que da natureza procura o artista tem de encontrar maneira de dar a vida à obra de arte.
É que arte compõe-se de 3 elementos: (1) imitação, 2) vitalização; 3) {…}
(Copia a arte a Natureza[1], e por Natureza aqui se entende tudo, desde os nossos íntimos pensamentos até às arvores e às pedras. Não procura a arte reproduzir dar a nossa sensação simplesmente; mas dar, da nossa sensação aquilo que mais traduza a realidade dela).
A arte deve (1) dar o objecto ou sentimento tal qual foi sentido; (2) vitalizá-lo para dar a impressão de realidade; |(3) coordenar as fórmulas de vitalização empregadas.|
[21v]
– A Arte, como a ciência, supõe a eliminação do factor pessoal. Não viram isto os artistas modernos.
A Arte difere da ciência – não, como modernamente se crê, em que a Arte é subjectiva, e a ciência objectiva – mas em que a ciência procura interpretar e a arte criar.
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De aí o conceito moderníssimo da Arte que confunde vitalizar com deformar.
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A arte moderna procura interpretar o que vê. Ora interpretar é o papel da ciência.
A ciência procura compreender uma coisa por meio das outras, interpretar uma série de fenómenos por meio de todas as outras séries de fenómenos (que para isso sirvam).
A arte procura reproduzir |sem interpretar| (daí o contraste vulgar entre o génio e a “inteligência fraca” de certos homens superiores).
[1] Natureza /os fenómenos\