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Fernando Pessoa - Literary Theory

This digital edition of texts by Fernando Pessoa deals with the set of poetic theorizing writings from hisArchive and brings together essays, comments, notes, sketches and fragments about literature from the Portuguese author. The documents transcribed are in Fernando Pessoa’s Archive in the custody of the National Library of Portugal, with quota E3. All facsimiles are accompanied by a critical lesson and a paleographic transcription, which is available for download in the “PDF” field.

 

 

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-4 – 75
BNP/E3, 14-4 – 75
Fernando Pessoa
Identificação
[Apontamento autobiográfico]

[BNP/E3, 144 – 75]

 

If the very fringes and frontiers of my work do not come to confine with the end of ages and the limit of nations[1], I shall hold my task in this world to have been no more than a spilt vessel and[2] a cry echoless among the[3] deserts. My heart is with a fame that shall spread over the many-coloured successive of fashions[4], the |unified waves| of times and the vast varieties[5] of nations. All else is to my mind the rot of my aspiration[6] and my heart in it, if so it be, like a ladder without rungs, the denial and the absurdity of itself.

If I be not myself my own epopee[7], I shall have lived in vain. § If in every verse of mine there be not the accent of eternity, I shall have wasted the gods’ time in me. If an accident of the visible world – the earth that cools or a comet that betrays us all to

 

[75v]

 

death[8] can pass the line of |correction|[9] were the manuscript of my intended life, I shall have been no more than the void of me, the nameless echo of the dumb assisting stars. 

My pride is of a quality more ponderous than those phantoms of appearance which we name men.

 

 

[BNP/E3, 144 – 75]

 

Se as próprias periferias e fronteiras de meu trabalho não vierem a confinar-se com o fim dos tempos e o limite das nações, considerarei que a minha tarefa neste mundo não foi mais do que um vaso derramado e um grito sem eco entre os desertos. O meu coração está com uma fama que se espalhará pelas sucessivas modas multicolores, as |ondas unificadas| de tempos e a vasta variedade de nações. Tudo o mais é para minha mente a podridão de minha aspiração e meu coração nela, se assim for, como uma escada sem degraus, a negação e o absurdo de si mesmo.

Se eu não for a minha própria epopeia, terei vivido em vão. § Se em cada verso meu não houver o acento da eternidade, terei desperdiçado o tempo dos deuses em mim. Se um acidente do mundo visível - a terra que esfria ou um cometa que nos trai a todos para 

 

[75v]

 

a morte pode ultrapassar a linha da |correcção| fosse o manuscrito de minha vida pretendida, não serei mais do que o vazio de mim mesmo, o eco sem nome das mudas estrelas que assistem.

O meu orgulho é de uma qualidade mais pesada do que aqueles fantasmas de aparência a que chamamos homens.

 

 

[1] nations /peoples\

[2] and /or\

[3] among the /in empty\

[4] fashions /manners\

[5] the |unified waves| of times /the ununderstood distinctness of speeches\ and the vast variaties/y\

[6] the rot of my aspiration /what I have aspired to\

[7] epopee /epos\

[8] death /dust\

[9] |correction| /deletion\

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4630
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Inglês
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Fernando Pessoa, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal, Edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, p. 192.