Licenciado em Filologia Românica, foi professor de liceu em Lisboa, Santarém e Porto. Poeta, sem qualquer livro publicado, colaborou, em verso e prosa, na última fase da revista Ocidente, que dirigiu, e na revista A Águia com o poema, dedicado a Fernando Pessoa, «Elegia da alma» (1912) e «Romaria das árvores» (1913), que o mesmo Pessoa, numa carta a Álvaro Pinto, de 4-12-1912, classificou como um «poema magnífico». Foi, aliás, por sua intercessão que Cobeira acedeu à revista portuense. Para além da citada carta, Pessoa não esconde a sua admiração pelo jovem poeta, quer em outras cartas para o secretário de A Águia, quer na sua correspondência com Mário de Sá-Carneiro. Cobeira deixou um testemunho da sua amizade e convivência com os poetas de Orpheu, num artigo publicado no suplemento literário do Comércio do Porto, em 11-8-1953, «Fernando Pessoa, vulgo “o Pessoa”, e a sua ironia transcendente». Aí, evoca a aparição de Pessoa, «regrada, quase pontual, metódica, nos lugares do costume», «a particularidade do seu temperamento, a aberração dos seus nervos, a qualidade rara da sua inteligência, a enormidade e variedade heterodoxa das suas leituras, a penetração e precisão extraordinárias do seu espírito, a profundidade das suas meditações, a sua ensimesmação obsessiva». E lembra um encontro dos dois com Sá-Carneiro: «...e tudo em volta de nós perdeu interesse. Percorremos caminhos desvairados e esse que vai da Brasileira do Chiado até ao Café de la Paix, e depois duma digressão pela Via Láctea caímos na água-furtada de Mário de Sá-Carneiro, a ler as últimas páginas do Princípio em preparos editoriais. Assim se realizou a minha iniciação nos mistérios da intimidade dos meus dois Grandes Companheiros».