Autor da obra Nadas (Lisboa: Empresa de Publicidade «A Tribuna», 1924), era amigo de Joaquim Pantoja que solicitou a Pessoa uma apreciação da sua poesia. Uma carta de Pessoa, de 7-8-1923, constitui a resposta a esse pedido: «Deixo-lhe o manuscrito do seu amigo Alexandre Seabra (...). Se quiser dar ao seu amigo a minha opinião – supondo que ela de alguma coisa lhe sirva – sobre os versos dele, pode transmitir-lha nestes termos (...)». (Correspondência – 1923-1935) O comentário de Pessoa integra tópicos recorrentes – «Toda a arte se compõe ou de emoções intelectualizadas, ou de pensamentos tornados emoções.» (Ibidem) – sendo perceptível que o dito manuscrito não merece a sua aprovação: «Toda a gente sente. Toda a gente pensa. Nem toda a gente, porém, sente com pensamento ou pensa com emoção. Por isso há muita gente e poucos artistas. (...) recomendaria ao seu amigo que não publicasse ainda o seu livro de versos. Qualquer que seja a idade dele, ele tem um cérebro demasiado juvenil; e a arte – ao contrário do que se julga – é trabalho para velhos, ou para envelhecidos». (Ibidem)

 

M. Dine