[BNP/E3, 88 – 6]
O dinamismo coloca o ponto de partida da sua artificialização da sensibilidade no mundo externo, no objecto a descrever ou a cantar, seja qual for. Ora como a condição fundamental do mundo externo é a impermanência, a força em continua acção, o Dinamismo interpreta tudo como fugitivo, de passagem.
Para o abstraccionismo o ponto de partida é já, não o objecto da sensibilidade, mas o conceito mediato entre esse objecto e a própria sensibilidade. É, por isso, sobretudo intelectual.
O Sensacionismo recua ainda mais o ponto de vista da artificialização: ele já não está no conceito mesmo, mas na própria sensação inteiramente subjectiva.
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[6v]
A artificialização da sensibilidade consegue-se substituindo as condições que a natureza fornece para a manifestação de determinados fenómenos por outras condições – igualmente naturais, é certo – onde ela se manifeste da maneira que desejamos: {…}
Assim, o único modo de acompanharmos {…}
Dissolvida a Personalidade, a sensibilidade impessoal, vivendo a própria vida dinâmica das coisas, poderá sempre acompanhá-las. Abdicando do dogma da Individualidade, a sensibilidade coexistirá com a de todos os homens, {…} Deixando o preconceito da continuidade temporal, a sensibilidade passa a existir em todas as coisas consideradas como presentes.....