Lisboa – Fevereiro de 1914

Dia 25 (4.ª-feira de cinzas)

às 9.45 m.

Meu querido Amigo,

Recebi agora um postal do Álvaro Pinto que me diz que vem amanhã 5.ª feira a Lisboa. Eu aviso-o, a você, pois talvez lhe queira falar e ignoro se ele o preveniria.

Mas há mais, quer ver? O secretário da Águia (para não repetir o seu nome, beneficiando o estilo – compreende?) diz-me que lhe deixe eu as minhas ordens, de tarde, na Livraria Ferreira, ao Carlos Alberto. E eu não só ignoro quem seja este senhor, como não vou à Livraria Ferreira...

– Olhe, esta noite, se não tiver coisa mais interessante e mais útil a fazer – porque não aparece em minha casa?... Isso é lá consigo, claro. Em todo o caso até às 10 horas encontra-me a pé, por via da «Ressurreição». (De resto eu não sei se esta carta lhe chegará ainda hoje.)

Mas provavelmente, à noite, está a chover... Não se constipe. Adeus.

o
Mário de Sá-Carneiro