Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-4 – 76
BNP/E3, 14-4 – 76
Fernando Pessoa
Identificação
O Soneto

[BNP/E3, 144 – 76]

 

O Soneto

Ninguém – a não ser Milton – teve tão perfeito como Bocage o corte do soneto. Os sonetos de Antero, os de Shakespeare são maiores – muito maiores, na verdade; mas, analisando-os bem, não tem a vida, como sonetos, que tem os de Bocage – um movimento rítmico que domina todos os versos, fechando-os perfeitamente no último. O soneto pode ter grande perfeição de forma sem ter um corte como soneto, muito perfeito. São exemplos os sonetos de Heredia, a que falta quase completamente o corte do soneto, tenha as rimas como tenha.

 

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Dos sonetos terminados em parelhas há exemplos esplendidos na língua inglesa [e mesmo na francesa]. Em português [estamo-nos referindo ao corte do soneto] temos (e aqui alguém possui sonetos com corte tão perfeito para acabar em parelhas) o “Ao Cair das folhas” de António Nobre: [Citar]

 

[76v]

 

Numa certa rapidez – {…} eis em que consiste essa inanalisável coisa a que chamamos o corte do soneto. A quem tiver bem apurado o sentido do ritmo poético não lhe custará a perceber se é mau ou bom o corte dum soneto qualquer.

 

Eis um soneto de Braga – longe de ser dos melhores. Escolhe ser onde a ordem e o ritmo são melhores e {…} para melhor sobressair o ritmo do corte: –

 

(CLI) ? – o corte não é perfeito.

 

Compare-se o seguinte soneto de José Anastácio muito melhor, mas muito inferior no pensamento do corte:

 

(Soneto de José Anastácio)

 

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4631
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada