[BNP/E3, 14E – 24-25]
Tennyson.
Vê o mal na natureza, a ausência de finalidade {…}, mas tem idealismo de mais para ou ficar doloridamente impensando perante esse problema, ou para o resolver pelo materialismo; tem também metafísica de menos quer para lutar com ele, tentando arrancar ao ser o[1] seu segredo, quer para {…}
Não, Tennyson sente-se perturbado, perplexo perante a natureza e o seu mal, e, dum golpe, sem sequer a pretensão a raciocinar, foge
[24v]
desabridamente dela saltando para o ideal.
-- bid to veil --
Assim esta intuição idealista envolve uma abdicação intelectual, ao contrário das grandes intuições idealistas, como as de Antero, onde é a inteligência que atira com a alma para longe da matéria, e não a crença, a fé.[2] Que o idealismo de Tennyson é uma fé, uma crença. É um espírito religioso, não é um espírito filosófico. O que tem de metafísico e filosófico é um composto de inteligência e misticismo, tanto
[25r]
que a sua mais flagrante poesia metafísica – “The Higher Pantheism” – é apenas a aplicação a uma intuição mística do maravilhoso poder de expressão que o caracteriza|va| como poeta.
É o entusiasmo intelectual possuído pelos protestantes altamente religiosos e inteligentes, encontrando aqui um poder de expressão que poucos poetas igualaram nem igualarão.
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Tennyson é um colossal artista com um equilíbrio exemplar e uma superioridade manifesta das outras faculdades psíquicas. Não é nelas porém que o seu génio está. É na arte puramente.
[25v]
O maior artista dos tempos modernos. Compara-se Victor Hugo; ver-se-á a diferença que há entre um grande retórico e um grande artista. Tennyson não tem nada de grandíloquo.
[1] o /esse\
[2] a crença, a fé. /a alma que se atira a si, cegamente.\