[19 – 58]
Erostratus.
What portion of genius there may be in the present age, it is, in the terms of the case, impossible to determine. Some talent may be suspected. But there is an immense amount of cleverness, and, remarkably so, of expressed cleverness.
The growth of the capacity[1] of reading, which is sometimes alluded to as the spread of education, has made a market for written cleverness; people who, in another age, would never have written, are now seduced into[2] print, in the same manner as a woman who, in a quiet provincial environment, would run straight by the simple process of not running at all, is now compelled to make a bourgeoisie of her natural prostitution.
Whether the present age is favourable or not to the detection of genius, is a point to be amply misunderstood. No age is favourable, in the terms of the case, to the detection of genius. But an age where there are currents and cross-currents of thought and conflicts and cross-conflicts of feeling is apter than a stable and grounded time to appreciate the strange and the untoward. Yet in our derided times there are difficulties. On the one side, there are too many people writing, drawing and otherwise messing up[3] art. This establishes confusion. On the other hand, this very multitude of artists makes publicity and self-assertion of the lowest kind the defence against obscurity. The result is that on the confusion produced by great numbers there is superimposed the obstruction deliberately made by coteries, sometimes of one man only. The man of genius has greater possibilities to-day than he ever had outside ancient Greece; but he has less probabilities than in the worst darkness of the enlightened ages. He is sure of some public, but he is not sure of being able to meet it. He is sure of recognition, but not of[4] getting it. Like the two natural halves of the loving Platonic soul, the genius and his public seek each other, but, as commonly happens in the other matter, they often[5] never meet. They tend separate and lone to a completeness that shall never be and are separate living virginities.
[19 – 58]
Heróstrato.
Que porção de génio possa existir na presente época, é, nos termos do presente caso, impossível de determinar. Pode suspeitar-se algum talento. Mas existe uma imensa quantidade de inteligência e, notavelmente, de inteligência expressa.
O aumento da capacidade de ler, a que, por vezes, se alude como a disseminação da educação, produziu um mercado para a inteligência escrita; pessoas que, noutra época, nunca teriam escrito, são agora seduzidas pela imprensa, do mesmo modo que uma mulher que, num tranquilo meio provincial, teria uma vida recta pelo simples processo de não viver de todo, é agora impelida a fazer uma burguesia da sua prostituição natural.
Se a presente época é favorável ou não à detecção do génio, é um assunto amplamente incompreendido. Nenhuma época é favorável, nos termos do presente caso, à detecção do génio. Mas uma época onde existem correntes e contracorrentes de pensamento conflitos e contraconflitos de sentimento é mais apta do que um tempo estável e solidificado para apreciar o estranho e o incómodo. Contudo, no nosso ridículo tempo existem dificuldades. Por um lado, existem demasiadas pessoas escrevendo, desenhando e danificando a arte. Isto provoca confusão. Por outro lado, esta mesma multidão de artistas faz da publicidade e da auto-afirmação do mais baixo nível a defesa contra a obscuridade. O resultado é que, sobre a confusão produzida pelo grande número, se sobrepõe a obstrução deliberadamente feita por círculos, muitas vezes de um só homem. O homem de génio tem hoje maiores possibilidades do que alguma vez teve, fora a Grécia antiga; mas tem menos probabilidades do que na pior escuridão das épocas iluministas. Ele tem certeza de ter algum público, mas não está certo de poder encontrá-lo. Ele tem a certeza do reconhecimento, mas não de o alcançar. Como as duas metades naturais da alma amorosa platónica, o génio e o seu público buscam-se um ao outro, mas, como comummente acontece no outro assunto, raramente se encontram. Tendem, separados e sós, a uma completude que nunca deverá existir e são virgindades vivas separadas.
[1] capacity /possibility\
[2] into /by\
[3] messing up /passing\
[4] is sure of recognition /can reckon on acceptance\, but not of /on\
[5] often /seldom\