Fernando Pessoa
Medium
Fernando Pessoa
BNP-E3, 19 - 51
BNP-E3, 19 - 51
Fernando Pessoa
Identificação
Erostratus

[19 – 51]

 

Erostratus.

 

If anyone wishes clearly to understand what is meant by the pressure of a known name, he need but figure to himself the following hypothesis. Let him suppose a book of poems, published to-day, by an unknown poet. Let that book be composed of great poems of great poets. Let it be submitted, in the course of reviewing, to a competent critic who, by some odd chance, might happen to be ignorant of every poem there printed, even though acquainted with every poet represented. Does anyone suppose that the competent critic, even if he had it in his power to write, say, the leading article in The Times Literary Supplement (no less would be deserved by such a book), would write anything more than a short notice, in 6-point type, in the bibliographical part of that paper? And the poet would be lucky if he got a notice in the text-pages.

 

The pressure of a known name does not mean that the critic will think a poem good or bad in function of a known name. But he will give careful attention, word by word and phrase by phrase, to the poem of a reputed poet; he will do nothing of the sort by the absolute stranger. If anyone will take the trouble, as I once did, either to pass off as the work of an unknown poet, or of his own self (this was what I did), the poem of a celebrated poet; or if he will pass off some unknown lines as a celebrated poet he will discover this very easily. In both cases and for opposite reasons the lines must be good or the test will not be just.

 

When once in Lisbon the style adopted in a review of which {…}

 

 

[19 – 51]

 

Heróstrato.

 

Se alguém deseja compreender claramente o que se entende pela pressão de um nome conhecido, precisa apenas de conceber a seguinte hipótese. Suponha-se um livro de poemas, publicado hoje, por um poeta desconhecido. Suponha-se que esse livro é composto com grandes poemas de grandes poetas. Submeta-se, no curso da sua recensão, a um crítico competente que, por algo estranho acaso, seja ignorante de cada poema aí impresso, ainda que familiarizado com cada poeta impresso. Suporá alguém que o crítico competente, ainda que tenha em seu poder escrever, digamos, o artigo principal do The Times Literary Supplement (não menos mereceria um tal livro), escreveria algo mais do que uma pequena nota, em letra 6, na parte bibliográfica desse jornal? E o poeta teria sorte se recebesse uma referência nas páginas de texto.

 

A pressão de um nome conhecido não significa que o crítico pensará que um poema é bom ou mau em função de um nome conhecido. Mas dará uma cuidadosa atenção, palavra por palavra e frase por frase, ao poema do poeta reputado; não fará nada do género por um absoluto estranho. Se alguém se der ao trabalho, como uma vez fiz, de fazer passar como obra de um poeta desconhecido, ou como sua própria obra (foi isto que fiz), o poema de um poeta célebre; ou se fizer passar algumas linhas desconhecidas como sendo de um poeta célebre, descobrirá isto muito facilmente. Em ambos os casos e por razões opostas, as linhas deverão ser boas ou o teste não será justo.

 

Quando outrora em Lisboa, o estilo adoptado numa revista de que {…}

 

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2486
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Inglês
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Publicação parcial: Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, pp. 196-197.
Publicação integral: Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 138-139; 202.