[BNP/E3, 100 – 31]
Detective Story.[1]
Um dos processos mais fáceis de confusão é o que pode chamar-se a sobreposição de crimes. Por exemplo, observa-se um caso de assassínio e roubo. A presunção imediata é de que os crimes foram praticados pela mesma pessoa, ou pelos mesmos cúmplices. Pode, porém, haver sobreposição – ser o roubo praticado por um, e o assassínio por outro, por esta ordem, ou pela ordem inversa. O processo tem a vantagem de, bem empregado, poder ser naturalíssimo. Nada mais natural que haver um roubo, uma discussão entre o roubado, que deu pelo roubo, e um parente ou amigo do gatuno, e uma agressão desta àquele. Nada mais natural, também, que um acto de assassínio, sem intenção de roubo, e um roubo praticado depois sobre o cadáver irresistente. O primeiro caso já foi empregado – não diremos por quem nem em que conto; o segundo, que não sabemos se o foi, deve por certo tê-lo sido. Não poderia ter esquecido um processo tão fácil de confusão de pistas.
[1] História Policial.