Personalidade literária: poeta e prosador, terá começado por ser um pseudónimo, mas, à medida que foi escrevendo, ascendeu a personalidade literária. Contemporâneo dos irmãos Search (Alexander e Charles James) e de Jean Seul de Méluret, Pantaleão figura com eles num caderno intitulado «O Livro da Transformação» ou «Caderno de Encargos» («The Transformation Book» ou «Book of Tasks»).

Pantaleão é um dos colaboradores de O Phosphoro, periódico projectado por Pessoa quando regressou para Portugal, que, como O Iconoclasta, pretendia combater a monarquia decadente. Pantaleão situa-se na linha dos seus predecessores, Dr. Gaudêncio Nabos e Dr. Pancrácio, sendo, como este último, uma personalidade multifacetada: opositor da Igreja Católica e da Monarquia Portuguesa, militante republicano, jornalista e autor de livros sobre o caso português, um humorista e pedagogo. Pantaleão, que assina o aforismo «A vida é um mal digno de ser gozado» (Pessoa por Conhecer, II, p. 208), publicaria o manuscrito de um amigo falecido chamado Torquato Mendes Fonseca da Cunha Rey, que parece ser uma personagem da personagem Pantaleão: «Não sei o valor que terá este escrito; os entendidos que o digam. O meu único fim foi (...) a única vontade do meu querido e chorado amigo. Nada mais.» (Pessoa por Conhecer, II, p. 209) Esta ficção, a concretizar-se, anteciparia a de Vicente Guedes, com o Livro do Desassossego, e a do Barão de Teive, com A Educação do Estóico.

 

 

BIBL.: Fernando Pessoa, Cartas, Visões e Outros Textos do Sr. Pantaleão, ed Ana Maria Freitas e Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014

 

 

Madalena Dine