Identificação
[BNP/E3, 14C – 5-6]
Comprei há dias os 7 Poemas Líricos de Afonso Duarte.
É, mesmo admirável selvagem, incompleto, puro, com aquela grande frescura larga das evocações |sem colarinho|. Que admirável selvagem {…}? Em tudo quanto é arte, excepto a arte de a exceder, e tem um grande céu[1] {…} por propriedade.
Se ri esse incivilizado, dele, de parte da sensível alma, com abraço muito vulgar e humano – e de tal força que lhe comprime o coração.
{…} esse metafísico da selvageria.
[6r]
Que estupor de espontaneidade! Aquilo é, efectivamente um correr de água ao sol, e o autor da correria disso é apaixonadamente gente. Fala como se fora ou rochedo ou uma margem, com o classicismo essencial das coisas |boas| que existem.
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Ainda bem que o meu abraço lhe chega. Renovando-o claramente esta {…}
[6v]
Como sou entrevada, vivo a[2] estar ao pé da janela para viver. Se a janela que eu tenho para viver é torpe a outra gente que não tem anda comigo, e anda na sua {…}
Como uma grande alma pode ser ninguém!
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Eu sou solteira de nascimento e triste depois. Passo noites a pensar em quem me poderia amar e não encontro ninguém nem na imaginação.
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Não há asilo da |mendicidade| para velhos menores?
Notas
[1] exceder /se extraviar nela\, e tem um grande céu /é proprietário \ /ruralmente de um grande céu,\
[2] vivo a /tenho que\