Identificação
[BNP/E3, 14B – 28]
Se nos houvessem dito que era de um materialista que havia de emanar a mais original e mais límpida poesia, a poesia mais puramente poesia, de hoje, não nos levamos[1] a mal que duvidássemos. Se nos falassem num místico materialista, mas um místico com todas as qualidades de requinte espiritual do místico, e ao mesmo tempo o mais absoluto e radical dos materialistas, nem nos daríamos ao trabalho de virar as costas ao grosseiro paradoxo. Se alguém nos dissesse que haveria um poeta de hoje que apareceria com uma poesia inteiramente nova, o total contrário da nossa – encolheríamos talvez os ombros, para não {…}. Alberto Caeiro realiza estas contradições todas.
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{…} nele o mais original dos poetas modernos, um dos maiores poetas de todos os tempos…
[1] levamos/riam\