Identificação
[BNP/E3, 14B – 19]
Repare-se: O extraordinário valor da obra do sr. Alberto Caeiro está precisamente em ela ser obra de um místico materialista, de um abstracto que só trata das coisas concretas, dum ingénuo e simples que não pensa senão complexamente, dum poeta da Natureza que o é do espírito, dum poeta espontâneo cuja espontaneidade é o produto de uma reflexão profunda. No mero enunciado disto salta à inteligência a assombrosa originalidade do sr. Alberto Caeiro.
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Se ele fosse o absoluto materialista que pretende que é, seria, não um homem, mas uma pedra. E o ser pedra não é, confesse-se, a forma de existência mais apta a exprimir emoções em verso.
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Alberto Caeiro é uma impossibilidade realizada. Talvez da imediata e inconsciente noção de ser isso que a sua obra nos dá é que vem o pasmo admirativo que o encontro com essa obra logo nos causa.
[19v]
O Guardador de Rebanhos é uma das grandes obras líricas de todos os tempos e todos os países.
Mas com a Oração à Luz, e a elegia de Pascoaes, que nos parecem novas e {…}, sabem-nos a velhas e repetidoras ao lado da absoluta novidade, da suprema {…} que é O Guardador de Rebanhos.
Classificação
Dados Físicos
Dados de produção
Dados de conservação
Palavras chave
Documentação Associada
Publicação integral: Fernando Pessoa, Obra Completa de Alberto Caeiro, edição de Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari, Lisboa, Tinta-da-China, 2016, p. 250.