(1881-1957)

Homem de vasta cultura e de espírito europeu, romancista e autor de ensaios decisivos em matérias como a tradução, Larbaud viajou pela Península Ibérica, interessando-se pelas literaturas espanhola e portuguesa, dedicando especial atenção a Eça de Queirós. Visita Lisboa em 1927, tendo feito uma conferência no Teatro S. Carlos em que foi apresentado por António Sérgio. Homenageado no Bristol Club por personalidades da cultura portuguesa, trava conhecimento com os modernistas António Ferro e Almada Negreiros, contando essa viagem, de que o guia foi o escritor espanhol Ramon Gómez de la Serna, então residente no Estoril, na «Lettre de Lisbonne à un Groupe d’Amis» (publicada em Paris, primeiro numa pequena recolha intitulada Caderno, de 1927, junto com mais dois textos e oito pontas-secas de Milly Possoz, e depoisno volume Jaune Bleu Blanc, do mesmo ano). A sua imaginação aproxima-o de Pessoa na criação de um «heterónimo», A.O. Barnabooth (1908), mas não há testemunho de que tenha conhecido Pessoa durante a sua visita a Portugal. Conhece a sua obra, porém, e manterá contacto com a nossa poesia, tendo contribuído para a publicação dos poemas franceses de Vitorino Nemésio, La Voyelle Promise, num editor parisiense.

 

 

Nuno Júdice